OURO PRETO: A cidade que respira a história do Brasil Colonial
- Irmãs Pelo Mundo
- 5 de mar.
- 19 min de leitura
Ouro Preto, localizada em Minas Gerais, Brasil, foi fundada no final do século XVII durante o auge da corrida do ouro no Brasil colonial. Inicialmente chamada de Vila Rica, a cidade se tornou um importante centro urbano e econômico devido à exploração do ouro nas minas da região.

Por Irmãs Pelo Mundo, agosto de 2024.
Conhecida por seu conjunto arquitetônico colonial, suas igrejas barrocas, museus e festivais culturais, Ouro Preto é uma cidade turística que atrai visitantes de todo o mundo interessados em sua história e beleza arquitetônica. Com população atual de cerca de 74 mil habitantes, o município é composto por treze distritos: Amarantina, Antônio Pereira, Cachoeira do Campo, Engenheiro Correia, Glaura, Lavras Novas, Miguel Burnier, Santa Rita de Ouro Preto, Santo Antônio do Leite, Santo Antônio do Salto, São Bartolomeu e Rodrigo Silva, além da sede Ouro Preto.
Nenhum outro município brasileiro acumulou tantos fatos históricos relevantes à construção da memória nacional como Ouro Preto. A cidade respira a história do Brasil colonial, e transporta quem caminha por suas ruas de pedra diretamente ao século XVIII, durante o seu auge no ciclo do ouro.
Ficamos dois dias completos na cidade. Conseguimos explorar o patrimônio histórico que é incrível, provamos a deliciosa culinária mineira e ficamos encantadas com paisagens deslumbrantes. Neste post compartilhamos a nossa experiência para te ajudar a programar a sua visita a esse destino encantador.

:: COMO CHEGAR ::
Ouro Preto está localizada a 100 km da capital Belo Horizonte. O aeroporto mais próximo de é o Aeroporto de Confins (CNF), distante 140 km da cidade. De carro do aeroporto são 2:30h de viagem. A maior vantagem de viajar para Ouro Preto de carro é poder aproveitar bem a cidade e também percorrer regiões próximas e de poder seguir viagem por cidades como Tiradentes e Diamantina. É importante baixar o mapa off-line no celular. Ficamos sem sinal em vários trechos e a sinalização para acesso às cidades é bem precária. Para quem enoja fácil em curvas, é bom colocar o vonalzinho na bolsa.
:: QUANDO IR ::
Ouro Preto pode ser visitada durante o ano todo. Porém, se você busca clima mais seco, o melhor período para conhecer a cidade é de abril a setembro. A cidade fica lotada no período de férias escolares e nos feriados prolongados. Setembro a Abril são os meses mais quentes e Junho a Agosto os mais frios. Se quer fugir da chuva, evite ir nos meses de Novembro a Março. Visitamos a cidade em meados de agosto, e pegamos noites geladinhas e tardes bem quentes!
:: ONDE FICAR ::
Ouro Preto oferece charmosas pousadas e hotéis, mas os preços costumam ser um pouco altos, principalmente na alta temporada, férias de julho e feriados prolongados. Se você está com viagem marcada, pesquise e reserve a sua pousada com antecedência para não pagar caro demais. Atente-se à conservação dos hotéis, que muitas vezes estão aquém dos preços. Leia as avaliações mais recentes de outros hóspedes para não cair em roubada.
A melhor localização é no entorno da Praça Tiradentes, local que marca o coração do Centro Histórico e serve como referência para perto da principais atrações, restaurantes e museus. Nós dividimos a nossa hospedagem em duas pousadas: Pousada do Arcanjo (1,3 km da Praça Tiradentes) e Pousada Solar de Maria (1,1 km da Praça Tiradentes).
A Pousada do Arcanjo foi nossa primeira acomodação e a nossa preferida. Atendimento acolhedor, atmosfera aconchegante e ambiente super charmoso que combina o estilo colonial com toques de conforto moderno. Os quartos são amplos, bem decorados e equipados para garantir uma estadia confortável. A pousada oferece um delicioso café da manhã mineiro, repleto de quitutes típicos e também um chá da tarde. Um grande diferencial é o serviço de transporte gratuito até o centro histórico, facilitando os deslocamentos sem precisar encarar as ladeiras íngremes a pé!



Já a experiência na Pousada Solar de Maria, que também tem uma proposta colonial, não foi uma das melhores. Achamos que a estrutura precisa de algumas melhorias. As instalações aparentam um certo desgaste, e os quartos poderiam ser mais modernizados para oferecer mais conforto. Entendemos que estamos em um casario colonial tombado pelo IPHAN e que realizar modificações não é algo tão simples, porém itens como os móveis soltos (cama, cadeiras, roupeiro) e o chuveiro poderiam ser substituídos. O café da manhã era muito bom com opções típicas mineiras, e a localização é prática para explorar Ouro Preto a pé.

:: O QUE FAZER ::
Ouro Preto consegue manter o turista entretido por muitos dias. São dezenas de pontos turísticos a serem visitados, cidades próximas para passeios de bate e volta, mirantes e, claro, incontáveis restaurantes a serem experimentados. Caso você esteja organizando uma viagem curta, de apenas um final de semana, como nosso caso, o melhor é focar no essencial de Ouro Preto para não ficar perdido entre tantas igrejas, museus, minas e povoados.
Assista o VLOG com as dicas e informações do nosso primeiro dia de passeios em Ouro Preto! Não esquece de se inscrever no canal e deixar o seu LIKE!
Explorar Ouro Preto é abrir os olhos para a essência do país, onde cada ruela, cada detalhe arquitetônico, cada museu revela um capítulo especial da nossa história. Por isso, a visita será muito mais rica se acompanhada de um guia. Escolha um profissional credenciado que ajudará a percorrer as melhores rotas das atrações turísticas e também dará informações valiosas sobre cada uma das atrações. Faz toda a diferença.
Nesse mapa, nós já pontuamos a maior partes dos atrativos turísticos da cidade. Marque os locais que você gostaria de visitar e defina um caminho a ser percorrido. Não subestime os trajetos a pé do Google Maps, especialmente porque estamos falando de uma cidade repleta de enormes ladeiras. Vista um calçado confortável e prepare-se para conhecer uma das cidades mais importantes na história colonial do Brasil.
:: CENTRO HISTÓRICO
A importância histórica e arquitetônica de Ouro Preto foi preservada ao longo dos anos, transformando seu Centro Histórico em um verdadeiro "museu a céu aberto. Inclusive a Cidade Histórica foi o primeiro sítio brasileiro considerado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1980. Grande parte dos locais a serem visitados estão intimamente ligados ao período em que Ouro Preto viveu o Ciclo do Ouro. O auge da corrida em busca de metais e pedras preciosas aconteceu entre os séculos XVIII e XIX, período do qual datam também as construções coloniais, igrejas e minas.
A Praça Tiradentes é o centro de Ouro Preto e partir dela é possível percorrer toda a cidade e duas das principais ruas de Ouro Preto, a Rua Direita (ou Rua Conde da Bobadela) e a Rua Cláudio Manoel. No século XVIII era conhecida como Morro de Santa Quitéria e servia de divisão para duas freguesias: Antônio Dias e Pilar, por isso é um excelente ponto de referência para começar o sobe e desce de ladeiras (foi a nossa referência também). Essa praça é o local que marca o ponto onde o inconfidente Tiradentes teve a sua cabeça exposta após ser morto. Não deixe de visitar a Praça também ao anoitecer, quando as luzes dão ainda mais charme ao lugar.
A partir da Praça Tiradentes, dividimos o nosso roteiro de visitação nas duas freguesias: Antônio Dias (amarelo) e Pilar (azul).

:: IGREJAS DE OURO PRETO
Visitar igrejas de Ouro Preto é como visitar museus, onde cada uma delas reserva uma obra especial. Como o número é muito alto e quase sempre o tempo é muito curto, é preciso priorizar a visita. Existem mais de vinte igrejas e capelas para visitação. No nosso roteiro, visitamos as mais significativas em termos históricos e artísticos. É importante destacar que quase todas cobram um valor para serem visitadas por dentro e que algumas igrejas também podem estar fechadas para restauração.
:: FREGUESIA PILAR
A partir da Praça Tiradentes começamos nosso roteiro visitando a Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia, também conhecida como Mercês de Cima. Ela não está entre as principais a serem visitadas. O projeto, com torre desenhada por Manuel Francisco de Araújo, é simples e a igreja é pequena. Da mureta de pedra que compõe o adro da igreja, é possível ter uma bela visão da Igreja de São Francisco de Paula e o pôr do sol no local é um lindo espetáculo. Infelizmente a igreja é constantemente encontrada fechada.

Também à poucos passos da Praça Tiradentes está a Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Com projeto de Manuel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho, encanta os visitantes ainda no exterior, onde a fachada apresenta belos traços e anjos barrocos. A construção setecentista está entre as mais belas de Ouro Preto e acredita-se que tenha contado com interferência de Aleijadinho do projeto final. Além disso, o altar mór tem desenho de Mestre Ataíde.


No adro da igreja está o Museu do Oratório que possuiu um dos mais belos e bem cuidados acervos de Ouro Preto. O museu tem visual moderno, é bem estruturado e oferece belíssimas peças referentes à arte e cultura dos oratórios. São 162 oratórios e 300 imagens que datam dos séculos XVII ao XX, e que pertencem à Venerável Ordem Terceira do Carmo.
A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar é grandiosa! Estima-se que esteja entre as que mais receberam ouro em sua decoração em Minas Gerais e no Brasil. Construída na primeira metade do século XVIII, substituiu a antiga capelinha construída em madeira e taipa. A nova igreja ganhou reputação de templo oficial, por ser local de cerimônia de posses de governadores e também festividades governamentais. A Paróquia de Nossa Senhora do Pilar era também uma das mais ricas da cidade, já que abrigava um grande número de irmandades.

Nas instalações da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar funciona o Museu de Arte Sacra. O acervo em exposição data dos séculos XVIII ao XIX, não é grande e os objetos são originários de diferentes irmandades, confrarias e associações religiosas.
Seguindo, chega-se na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, tem a fachada em formato abaulado o que faz com que ela se diferencie das demais igrejas em Ouro Preto. A igreja é considerada por especialistas expressão máxima do barroco colonial mineiro. Construída na segunda metade do século XVIII, parece ser composta por vários círculos sobrepostos. O salão principal da igreja mantém o formato oval internamente e é circundado por seis altares. O projeto do edifício é a grande atração da igreja, que conta com interior simples.

Localizada no alto de um morro e cercada de verde está a Igreja de São Francisco de Paula. Suas torres, que podem ser vistas de vários pontos de Ouro Preto, e do alto da ladeira, tem-se uma vista espetacular para a cidade. Com projeto de Francisco Machado da Cruz, foi a última a ser construída no período colonial, no século XIX. O interior da Igreja apresenta altar e decorações bem simples, sendo mesmo mais bela vista pelo exterior. A imagem de São Francisco de Paula que pertence à igreja é atribuída a Aleijadinho.

A pequena igreja de São José está escondida no alto da ladeira da Rua Teixeira Amaral e passa despercebida por grande parte dos turistas. A igreja, que data de meados do século XVIII, tem fachada simples, mas com uma curiosa varanda, e conta com altar-mór e retábulo desenhados por Aleijadinho. Ao lado da igreja, um pequeno cemitério abriga os restos mortais de Bernardo Guimarães, autor do clássico A Escrava Isaura.

:: FREGUESIA ANTONIO DIAS
Tomando novamente como partida a Praça Tiradentes, em direção à antiga Freguesia Antonio Dias, chegamos na Igreja de São Francisco de Assis, igreja que presenciou importantes acontecimentos na antiga Vila Rica. Sua construção data da segunda metade do século XVIII e é uma das obras mais importantes de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, sendo um grande símbolo do barroco e rococó mineiro. Além de Aleijadinho, a Igreja conta também com trabalhos de Mestre Ataíde, que se dedicou à pintura do teto da nave que representa a assunção da Virgem Maria e é um dos seus trabalhos mais apreciados. A fachada conta com uma imagem de São Francisco de Assis e em frente à igreja acontece a feirinha de artesanato em pedra sabão do Largo do Coimbra com peças que representam a cidade. A Igreja faz parte das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa do Mundo.


Logo abaixo da Igreja de São Francisco de Assis está a Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Perdões, a Mercês de Baixo. Foi construída em meados do século XVIII no topo de uma colina, fica escondida em meio à área residencial e tem como destaque o traçado da primitiva capela mór, obra de Aleijadinho. Não visitamos.
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias está entre os mais belos exemplares barrocos da cidade de Ouro Preto. A paróquia é uma das mais antigas da cidade, com data de 1707. Já a construção da igreja definitiva aconteceu entre 1727 e 1746. Chama a atenção o projeto e a execução de Manuel Francisco Lisboa, o pai de Aleijadinho. O rico interior original passa por longo processo de restauração, enquanto a fachada sofreu interferências no século XIX e não é mais a original. Na sala da cripta e na sacristia, funciona o Museu do Aleijadinho. Os túmulos de Manuel Francisco Lisboa e Aleijadinho também estão no interior.


No alto da rua de Santa Efigênia, está localizada a Igreja de Santa Efigênia, também chamada de Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, uma construção setecentista que reina na paisagem e destaca-se pela história ligada aos negros escravos. É uma das igrejas mais distantes do centro, a ladeira de acesso está entre os caminhos mais cansativos para quem percorre Ouro Preto a pé, e ao final, ainda resta subir uma grande escadaria.

Segundo as tradições locais, o dinheiro para a construção teria vindo das minas de Chico Rei, negro alforriado. A igreja demorou seis décadas para ser concluída e contou com o trabalho de diversos artistas, entre eles se destacam Manuel Francisco Lisboa (pai de Aleijadinho) e Francisco Xavier de Brito. No interior da igreja, chama a atenção o belo trabalho no altar e também a imagem de um papa negro pintado no forro, junto a outros elementos da cultura afro.
Mais distante (não visitamos) está a Capela do Padre Faria, cujo nome remonta ao padre que foi capelão da expedição que fundou Ouro Preto e que nos primeiros anos do século XVIII, ergueu uma ermida em homenagem a Nossa Senhora do Carmo no local.
Ainda que essas igrejas estejam entre as mais belas, elas não são as únicas. Ao caminhar por Ouro Preto e se deparar com outras igrejas, não deixe de entrar para descobrir o interior de cada uma delas.
:: PASSEIO DE JARDINEIRA
Grande parte das atrações do centro histórico de Ouro Preto podem ser feitas a pé, mas é preciso destacar que há muitas ladeiras na cidade, o que pode deixar o passeio bem cansativo. Uma solução é o passeio de Jardineira. Esse carro, que é tipo um ônibus antigo dos anos 30 e 70, segue passando pelos pontos turísticos da cidade. Ao mesmo tempo, um guia fica à disposição para contar tudo sobre os lugares e enriquecer ainda mais a experiência. Nós contratamos o tour no nosso segundo dia na cidade.
Assista o segundo VLOG onde te contamos tudo sobre o nosso segundo dia em OURO PRETO!
:: MUSEUS DE OURO PRETO
Na Praça Tiradentes estão: Museu da Inconfidência, localizado no prédio da antiga Casa de Câmara e Cadeira, Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas/ UFOP, no antigo Palácio dos Governadores, projeto de Manuel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho, e de onde se tem uma bela vista para a Praça Tiradentes e do pôr do sol; e também o Centro Cultural e Turístico do Sistema FIEMG. Menos de 2 minutos da praça está o Museu Casa Guignard, que começou a ser formado em 1960, mas foi inaugurado oficialmente.

Na rua ao lado da Casa Guignard, está a Casa Da Ópera, o mais antigo teatro em funcionamento da América Latina, o Teatro Municipal de Ouro Preto. Inaugurada no dia 6 de junho de 1770, na comemoração do aniversário do Rei Dom José I, foi a primeira do Brasil destinada ao teatro e outros espetáculos destinados à pomposa sociedade setecentista. O teatro foi restaurado e ainda hoje recebe espetáculos.

Seguindo por mais 240 metros, chegamos no Museu Casa Dos Contos, localizada em um lugar chamado de Largo do Cinema, onde se instalaram as primeiras salas da cidade dedicada à arte. No final do século XVIII, a casa serviu de residência, depois, Casa de Contratos. Posteriormente, foi refúgio de inconfidentes e, mais tarde, local de prisão para eles. O nome Casa dos Contos surgiu quando o local foi destinado à sede da Administração e Contabilidade Pública da Capitania de Minas Gerais, passando então a sediar órgãos relacionados a questões financeiras e orçamentárias. Nos fundos há um belo bosque, chamado de Horto dos Contos.
:: OUTROS LUGARES PARA CONHECER EM OURO PRETO
Casa dos Inconfidentes: distante do Centro Histórico, a construção do século XVIII instalada no alto do Morro do Cruzeiro teria sido ponto de encontro dos inconfidentes que buscavam a independência de Minas Gerais e do Brasil. O acervo não é grande e conta com objetos, móveis e painéis informativos. Perto do museu está o Mirante da UFOP, na Rua Nove.
Estação Ferroviária e Trem da Vale: uma das mais importantes edificações históricas tombadas da cidade. Foi construída em estilo barroco colonial e inaugurada no ano de 1888, como parte do então Ramal de Ouro Preto (posteriormente Ramal de Ponte Nova) da Estrada de Ferro Dom Pedro II e com o objetivo de ligar a cidade (então capital da província mineira) ao Rio de Janeiro, onde se situava a Corte Imperial. A estação foi desativada nos anos 1990 e reativada em 2006, após uma grande reforma, que incluiu a recuperação de seu leito ferroviário. Atualmente, atende como terminal do turístico Trem da Vale, que estabelece a ligação de Ouro Preto com a cidade vizinha de Mariana, cortando belíssimas paisagens da região dentre serras, montanhas e cachoeiras.

Minas de Ouro (não tivemos coragem kk): Ainda é possível visitar algumas das minas de onde eram retiradas toneladas de minérios e pedras preciosas. Elas estão localizadas nos jardins de propriedades particulares e algumas das mais populares estão bem no Centro Histórico de Ouro Preto, especialmente na região da Rua Chico Rei, como a Mina do Chico Rei, Mina du Veloso e Mina de Santa Rita. As visitas são muito semelhantes e geralmente são guiadas por dentro dos túneis de mineração. A Mina da Passagem, localizada na estrada que liga Ouro Preto a Mariana, é a única mina industrial aberta à visitação na região e que possui um passeio um pouco mais diferenciado, onde os turistas descem para os túneis em um carrinho que passa pelos antigos trilhos por onde eram retiradas as riquezas de Vila Rica. Acredita-se que do interior da Mina da Passagem tenha sido retirado mais de 35 toneladas de ouro.

:: GASTRONOMIA ::
Está comprovado que realmente se come muitooo bem em Ouro Preto! Nossa experiência gastronômica em Ouro Preto foi simplesmente incrível! Os restaurantes que elegemos foram:
Escadabaixo: provamos deliciosos petiscos e drinks em um ambiente charmoso e intimista.
Conto de Reis: nos conquistou com a autenticidade da comida mineira, cheia de sabor e tradição. Provamos a típica costelinha conto de réis que estava deliciosa, e o sorvete de queijo canastra com calda de goiabada, esse achamos que seria melhor kkk. A vista do restaurante é espetacular.
O Passo: uma refeição especial em meio a um ambiente aconchegante com vista para o centro histórico de Ouro Preto. Os pratos mesclam a gastronomia italiana e mineira.
Tropea: culinária inspirada na Itália, com massas artesanais e um atendimento impecável.

Outros restaurantes da nossa listinha, que não tivemos tempo para conhecer: Bené da Flauta, Chafariz, Rena Café, Opera Café, Adega Ouro Preto, Café Cultural, Calabouço Gastrobar, Varanda 1921, Queijaria Inconfidentes – degustação, Queijaria Ouro Preto, Aqui Di Minas, Queijaria Tesouros das Gerais e Cervejaria Ouropretana.
:: ESTRADA REAL
A Estrada Real leva este nome justamente porque era o trajeto oficial que a Coroa Portuguesa fazia quando o Brasil era colônia, para transportar ouro e diamantes das minas para os portos do Rio de Janeiro, onde seriam enviados a Portugal. Atualmente, essa rota turística é uma oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a história do nosso país e aproveitar as paisagens incríveis, passando por graciosas cidades históricas.
Com um total de 1.630 km de extensão, liga mais de 100 cidades da região de Minas Gerais ao estado do Rio de Janeiro, especialmente Paraty, e também ao estado de São Paulo. Originalmente, a rota começa em Ouro Preto, o que deu origem ao Caminho Velho, mas depois se expandiu até Diamantina.

O Caminho Velho é a rota mais antiga da Estrada Real, utilizada desde o século XVIII pela Coroa Portuguesa. Inicia em Ouro Preto, antiga capital de Minas Gerais, e segue em direção a Paraty, no Rio de Janeiro. O percurso se estende por 710 km divididos em 27 planilhas e cheio de construções coloniais preservadas, igrejas, casarões e paisagens deslumbrantes. A rota do Caminho Novo também liga Ouro Preto ao Rio de Janeiro, seguindo por um trajeto diferente do Caminho Velho. Possui 515 km e foi criado posteriormente para diversificar e agilizar o transporte de ouro e diamantes. O Caminho dos Diamante liga Ouro Preto a Diamantina e o Caminho do Sabarabuçu, identificado recentemente como uma extensão do Caminho Velho, liga Catas Altas a Glaura (distrito de Ouro Preto) atingindo as vilas de Sabará e Caeté.
Para incentivar os viajantes a percorrer a emblemática Estrada Real, criou-se o Passaporte da Estrada Real. Esse projeto permite aos viajantes registrarem sua jornada pelas rotas históricas da Estrada Real, colecionando carimbos em diferentes cidades ao longo do percurso. Também é possível baixar o passaporte digital no smartphone e ir fazendo os check-ins nas cidades que você vai passando, garantindo assim o carimbo digital. Para a nossa tristeza, só ficamos sabendo sobre o passaporte digital no último dia de passeio :/

:: HISTÓRIA DE OURO PRETO ::
A origem de Ouro Preto está ligada à descoberta do ouro aluvião pelo bandeirante Antônio Dias de Oliveira, pelo Padre João de Faria Fialho e pelo Coronel Tomás Lopes de Camargo e um irmão deste, por volta de 1698. Eles estabeleceram-se nas margens dos ribeirões e nos morros que circundam a cidade, onde o minério era abundante. A data oficial de fundação da cidade é dia 24 de junho de 1698.
Em 8 de julho de 1711, por meio da fusão de diversos arraiais de garimpo de ouro, fundados também por bandeirantes, Ouro Preto tornou-se sede de conselho e foi elevada à categoria de vila, com a designação de "Vila Rica". Inicialmente Vila Rica de Albuquerque e depois Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto.
O ouro mineiro começou a chegar ao Reino de Portugal ainda no final do século XVII. Oficialmente, foram enviadas a Portugal 800 toneladas de ouro no século XVIII, porém estima-se que a quantidade de ouro extraída de Minas Gerais possa ter chegando ao dobro das 800 toneladas documentadas, visto que uma quantidade significativa circulava ilegalmente por meio do contrabando e da sonegação de impostos, escapando do controle da Casa de Fundição. Parte desse ouro clandestino foi utilizada na ornamentação de igrejas barrocas, especialmente em Ouro Preto, Mariana e outras cidades históricas de Minas Gerais.
Em 1720 Ouro Preto foi escolhida para ser a capital da nova capitania de Minas Gerais. Durante o século XVIII a cidade viveu um período de grande prosperidade, refletida na arquitetura barroca de suas igrejas, casarões e edifícios públicos. O município chegou a ser uma das cidades mais populosas das Américas, com cerca de 40 mil pessoas em 1730 chegando a 80 mil décadas depois. Para um comparativo, àquela época, a população de Nova York era de menos da metade desse número e a população de São Paulo não ultrapassava 8 mil. Esta fase de desenvolvimento cultural e econômico é conhecida como o Ciclo do Ouro.
Em 1789, ocorreu em Ouro Preto um dos fatos mais importantes da história brasileira, a Inconfidência Mineira, um movimento pela independência em relação a Portugal, liderado por figuras como Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), e outros intelectuais, comerciantes e membros da elite local insatisfeitos com a exploração colonial, altos impostos e restrições comerciais impostas pela Coroa Portuguesa.
Pelo Direito da época, o dono do solo e do subsolo era o rei. O rei, “emprestava” a terra para a exploração mediante o pagamento de parte nos resultados, que correspondia a 20% sobre todo o ouro encontrado nas minas. Essa cobrança do “quinto” era vista como uma forma de exploração excessiva por parte de Portugal, que não apenas controlava a exploração das riquezas minerais, mas também impunha altos impostos sobre elas.
O descontentamento com a cobrança do "quinto" contribuiu no surgimento do sentimento de que Minas Gerais estava sendo explorada em benefício exclusivo de Portugal, sem que os mineiros tivessem participação nos benefícios econômicos resultantes da mineração, e motivou os líderes da Inconfidência Mineira a buscar formas de libertar-se do jugo colonial português e obter maior autonomia para a região.
Os inconfidentes planejavam a independência de Minas Gerais do domínio português, porém o movimento foi descoberto pelas autoridades coloniais antes de ser executado, resultando em prisões, julgamentos e condenações. Tiradentes foi o único condenado à morte, sendo enforcado em 21 de abril de 1792. Embora tenha falhado em seu intento imediato, a Inconfidência Mineira tornou-se um símbolo de resistência e luta por liberdade no Brasil colonial.
Em 1823, após a Independência do Brasil, Vila Rica recebeu o título de Imperial Cidade, conferido por D. Pedro I do Brasil, tornando-se oficialmente capital da então província das Minas Gerais e passando a ser designada como Imperial Cidade de Ouro Preto. Em 1839 foi criada a Escola de Farmácia, tida como a primeira escola de farmácia da América do Sul e em 1876 a Escola de Minas, a primeira escola de estudos mineralógicos, geológicos e metalúrgicos do Brasil fundada a pedido de dom Pedro II e que hoje, é uma das principais instituições de engenharia do país.
Nos últimos anos do século XVIII, a cidade começou a tomar o aspecto atual e chegou ao seu apogeu até regredir, no século XIX, quando sua economia direcionou-se ao cultivo do café e à criação de gado, reduzindo drasticamente a atividade de mineração do ouro. Esta mudança gerou uma significativa regressão das atividades econômicas e com a proclamação da república brasileira em 1889, a velha cidade passou a ser vista como um entrave para o desenvolvimento do estado de Minas Gerais. Ouro Preto continuou fazendo parte do circuito do ouro e o extrativismo mineral, e apesar do declínio do garimpo, este ainda é uma das suas principais atividades econômicas.
Em 1897, perdeu a condição de capital para Belo Horizonte, o que provocou um esvaziamento da cidade (cerca de 45% da população) e acabou inibindo o crescimento urbano nas décadas seguintes, fato que contribuiu para preservação do Centro Histórico de Ouro Preto. A antiga capital de Minas conservou grande parte de seus monumentos coloniais e em 1933 foi elevada a Patrimônio Nacional, sendo, cinco anos depois, tombada pelo IPHAN. Em 5 de setembro de 1980, na quarta sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO, realizada em Paris, Ouro Preto foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade.
As igrejas barrocas/rococós a certas influências neoclássicas e o casario colonial de Ouro Preto só voltaram a ficar evidenciados de forma positiva pelo movimento modernista, na década de 1920. Nesse momento, as obras de Aleijadinho e Mestre Ataíde passaram a ser vistas como manifestações primeiras de uma cultura genuinamente brasileira. O próprio tombamento da cidade faz parte do projeto de construção de nacionalidade brasileira, sendo o primeiro local do país considerado monumento nacional.
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