PERU - Conhecendo Machu Picchu e Cusco
- Irmãs Pelo Mundo
- 31 de ago. de 2017
- 20 min de leitura
Atualizado: 16 de fev. de 2023
Em 2017, às pressas, com menos de um mês de programação, visitamos o Peru. Essa foi a nossa primeira viagem internacional como Irmãs Pelo Mundo.

Atualizado em abril de 2018.
Queríamos que essa viagem fosse especial, afinal iríamos conhecer a nossa "primeira maravilha do mundo moderno": Machu Picchu. A Gabriela sempre teve o sonho de conhecer as ruínas Incas, e quando a promoção de passagem apareceu, não pensamos duas vezes.
Descubra nesse post super detalhado tudo sobre o destino: nosso roteiro com duração de 6 dias em 2017, quando ir, onde ficar, o que visitar e algumas curiosidades. Vem com a gente!
SOBRE O PAÍS
O Peru encanta por sua diversidade cultural, histórica e natural. Localizado na parte ocidental da América do Sul, fazendo fronteira com Equador, Colômbia, Brasil, Bolívia e Chile, é um país multicultural, cheio de tradições, com uma gastronomia premiada e vastas reservas naturais. Seu vasto território, com mais de 1,2 milhão de km², abrange três regiões: Costa, Serra e Selva.
O espanhol é o idioma oficial, no entanto, no país falam 47 línguas nativas incluindo quíchua e aimará.
Possui 12 patrimônios mundiais reconhecidos pela Unesco e é dono de 84 dos 117 ecossistemas do mundo.
MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR
Não há exatamente um período ideal para conhecer todo o país. Se sua prioridade é conhecer Machu Picchu sem chuva, é melhor ir entre julho e setembro, antes da temporada chuvosa.
O clima do país é influenciado pelo relevo, portanto programe sua viagem de acordo com a cidades que você quer conhecer:
Montanhas (Machu Picchu): a região tem duas estações, verão (de abril a outubro) com dias ensolarados, noites frias e pouca chuva; e inverno (de novembro a março), marcado pelas chuvas abundantes.
Litoral: na costa norte, faixa estreita de desertos e vales férteis, o período curto de chuvas vai de novembro a dezembro. Na costa sul e central o inverno vai de abril a novembro e o verão de novembro a março.
Selva: durante os meses de novembro a março, as chuvas são abundantes. O clima perfeito fica entre abril e outubro, quando os rios diminuem sua vazão e as estradas ficam transitáveis.
ONDE FICAR EM CUSCO
Sem dúvidas escolha a Plaza de Armas e arredores, você pode fazer tudo a pé ao se hospedar por lá. Os hotéis dos “arredores” geralmente têm o acesso por ladeiras, então é bom ficar atento pois subir a pé cansa muito na altitude. “Ah mas posso usar taxi caso fique em um hotel mais distante da plaza...”. Sim, mas o fato de os taxis não terem taxímetro e você ter que negociar toda corrida é um saco hehehe, então não precisar desse serviço e conseguir fazer tudo a pé, tem vantagem.

Nossa escolha: Novotel Cusco. A arquitetura do hotel é linda e a localização maravilhosa. A Plaza de Armas fica a 5 minutos caminhando, sem ladeiras. Fizemos tudo a pé: bares, mercado, restaurantes, ir ao ponto de encontro dos tours etc. Taxi só para o aeroporto. Foi uma excelente escolha. Você pode conferir e reservar clicando AQUI.
Quarto tamanho padrão, cama confortável (depois de um dia inteiro de tour, nada como uma cama fofinha para descansar, as pernas agradecem), aquecimento (muito importante pois faz muito friooooo), frigobar, chaleira elétrica com chazinhos de cortesia e cofre. O café da manhã é bom e o horário de atendimento inicia as 4:30am. Como os passeios iniciam super cedo, as vezes antes das 05am, conseguir comer antes de sair é um ponto a ser destacado.


Outras acomodações em Cusco você pode conferir clicando AQUI!
NOSSO ROTEIRO DE 06 DIAS
Dia 01 - Cusco
Capital do Império Inca, Cusco, que do quéchua significa “umbigo”, foi batizada dessa forma pois os incas acreditavam que a região era o centro do mundo. Ponto de partida para explorar Machu Picchu, Cusco é listada como Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco.
A imersão na cultura inca começa ao explorar as ruas estreitas, becos de pedra e construções antigas da cidade. O estilo das construções feitas pelos incas é bem singular, pedra sobre pedra. O Centro Histórico possui construções no estilo colonial e barroco andino, pois com a invasão da cidade pelos espanhóis uma nova cidade surgiu em cima da cidade original, conservando partes das construções antigas em meio as atuais.

Muitos pensam que Cusco é apenas o acesso a Machu Picchu, engano! A quantidade de passeios e tours disponíveis é gigantesca. No mínimo recomendamos 04 dias para explorar o básico da cidade (1 dia para o city tour, 2 dias para tour no vale sagrado, 1 dia para explorar mercadinhos, lojinhas, restaurantes, bares, museus no centro).
Dia 02 - Tour de 01 dia pelo Vale Sagrado
O Vale Sagrado dos Incas é parada obrigatória para quem visitar a região. Considerado um dos vales de maior riqueza paisagística e cultural do Peru, é uma representação perfeita da religião, da inteligência e da ciência do império Inca. Compreende uma área que se prolonga por mais de 100 quilômetros, com numerosos povos e impressionantes centros administrativos que testemunham sua milenar ocupação.
Poderíamos escrever trilhões de posts a respeito do significado do Vale Sagrado para os Incas e de tudo o que vivenciamos nesse passeio... afinal o vale é um museu a céu aberto... são inúmeras lendas, histórias, ensinamentos... A imersão cultural é tão grande que faltam adjetivos para descrever. Para quem gosta de história como nós, é um prato cheio e uma viagem no tempo. Portanto, faça o passeio com um guia para obter todos detalhes, informações e particularidades de cada sítio visitado.

O nosso tour no Vale Sagrado durou 01 dia (Chinchero, Moray, Salineras de Maras, Ollantaytambo e Pisac). Achamos um pouco corrido visto que os sítios são distantes um dos outros, e as estradas apesar de serem boas são bem sinuosas, o que torna a viagem mais demorada do que parece, se você olhar apenas a distância em km. Caso você tenha tempo e queira conhecer com calma e mais afundo os locais, sugerimos o tour de 02 dias ofertado pelas agências. Ps: o citytur que fizemos compreendeu os sítios de Tampumachay, Puka Pukara, Q’enqo e Saqsayhuaman, que fazem parte do vale sagrado... mas as visitas são bem rápidas (meio dia).
A primeira coisa que deve-se fazer para visitar o Vale Sagrado é comprar o Boleto Turístico para ter acesso à todas as atrações. O boleto é adquirido no escritório do Comite de Servicios Integrados Turistico Culturales-Cusco (COSITUC), localizado próximo à Plaza de Armas e possui 03 opções: Circuito I, II e III e Boleto Geral. Sugerimos o Boleto Geral pois com ele você tem acesso às atrações do Vale e do City Tour (130 soles em 2017).
Contratar uma agência de turismo para fazer o tour guiado em grupo oferece um bom custo-benefício, mas não precisa se apavorar antecipadamente: são tantas agências que você pode pesquisar e pechinchar preços assim que chegar em Cusco. No final das contas a mesma van tem clientes de várias agências. Mas é preciso contar com a sorte para achar um guia bacana e não pegar um grupo problemático. Nós demos muita sorte em todos os passeios, o nosso guia foi maravilhoso. Pegamos uma agência indicada pela Luana do @poenarota ... não foi o preço mais em conta, mas tinha almoço incluído no melhor restaurante da parada, o que valeu muitooo, pois só há duas opções na parada e o preço é pouco salgadinhos para tiver que pagar fora a parte. O pessoal que comprou o passeio com a refeição da segunda opção de restaurante (mais barato) não teve coragem de encarar e ficaram sem almoço. Então fica a dica!
Primeira parada do nosso tour, Chinchero é uma pequena cidade situada a cerca de 30 km de Cusco com altitude de 3.760 metros. Lá de cima, Chinchero vigia o Vale Sagrado. As ruínas da cidade consistem em muros com pedras perfeitamente encaixadas e vários terraços que vão subindo até chegar à igreja construída sobre o templo do 10º imperador inca no início dos anos 1600. Infelizmente não se pode tirar fotos nem filmar dentro da igreja, que é linda, com cores vivas, e que tem nada a ver com a arte europeia do mesmo período. Mesmo com a conquista europeia, os artistas “escalados” para construir as igrejas eram incas ehehe, por isso os santos e detalhes eram pintados com cores vivas, vibrantes, fora do padrão europeu da época.

Na grande área plana se produz, sobretudo, as diversas variedades de batatas do Peru. Os terraços agrícolas foram uma técnica desenvolvida pelos Incas para possibilitar o cultivo nas encostas das montanhas, evitando a erosão a ampliando as áreas de plantio.
Uma das paradinhas em Chinchero é em uma fábrica têxtil artesanal onde mulheres vestidas em trajes tradicionais quechua mostram todo o processo de fabricação das roupas a partir da lã de alpaca e ovelha: lavação, tingimento e tecelagem. As cores são obtidas naturalmente. A curiosidade “inesquecível”: a cor vermelha e seus quase 18 tons é proveniente da cochonilha, um inseto parasita que se alimenta da seiva dos cactos da região. Vocês não imaginam o que uma “bolinha” dessas estourada na mão faz... quanto sangue saiu daquele “piolhinho” e como mancha!! Durante a explicação a menina passou o sangue na boca comentando que usam o “pigmento” nos lábios como batom. Pensaaaa nas virginianas vendo isso... kkk No final, é possível comprar produtos feitos pela comunidade. O preço é bem salgadinho comparado com os demais locais de venda em Cusco por exemplo, mas vale para ajudar a comunidade que sobrevive do artesanato. Nas demais cidades visitadas, também é possível conferir o artesanato local nas feirinhas.

Seguimos para a segunda parada, Moray. As teorias sobre o que era Moray são as mais diversas possíveis, incluindo uma que diz que as ruínas eram um grande anfiteatro. A teoria mais viável e aceita por estudiosos é que a região representava um tipo de estação de desenvolvimento de agricultura, uma espécie de laboratório agrícola. Lá os Incas testavam sementes, colheitas e o solo sob condições diferentes oferecidas por cada 'degrau' dos terraços... Diz-se que cada nível de Moray possuía seu próprio microclima, com diferenças de mais de 1 grau de temperatura entre elas.

A Salinera de Maras, mosaico de peças brancas e marrons, é formada por 4 mil “piscinas” de sal cristalizado originário de uma fonte de água subterrânea a muitos quilômetros dali. A água doce proveniente do desgelo dos picos, torna-se salgada ao carregar o sal presente nos canais subterrâneos das montanhas. Construída por civilizações pré-inca, o modo de funcionamento da salina continua o mesmo, sendo que cada família de Maras é responsável pela manutenção e extração de 40 poças, obtendo até 03 tipos de sal.
O sal extraído não é próprio para consumo humano. Ele precisa ser iodado para poder ser consumido como alimento, do contrário, pode causar algumas doenças. Pergunta: como os pré-incas consumiam esse sal sem fazer nenhum tipo de pós-tratamento e sem contrair doenças? A explicação mais provável é que consumiam muita alga marinha, e esta sim era rica em iodo. Então compensava a falta do iodo no sal. O valor do ingresso não está incluso no Boleto Turístico e custa 10 soles (valores 2017).

Próxima parada, Ollantaytambo. É considerada uma “cidade inca viva”, pois é um dos poucos povoados onde vivem descendentes da população inca original. Muitos ainda guardam costumes dos ancestrais e as casas atuais utilizam as mesmas estruturas construídas pelos incas.

O complexo de ruinas é bem grande com muitas subidas e escadas (prepare a panturrilha!!!). A cidade é considerada um complexo militar, administrativo, agrícola e também religioso. Em Ollantaytambo você encontra o famoso Templo do Sol que tem uma explicação bem linda e poética no que se refere à sua localização, vale pesquisar ;). Mais acima na montanha o rosto de um Inca guarda a cidade. Não se sabe se a imagem foi moldada, mas acredita-se que seja natural.

Achamos que o tempo disponível para conhecer essa joia foi curto durante o tour. Não deu para visitar tudo.
A cidade possui a última estação de trem e também é o início de muitas trilhas de acesso à Machu Picchu.
Pisac foi o último local visitado durante o tour, e como estava quase fechando, praticamente conhecemos NADA (os sítios fecham as 17h)... O local é um dos maiores sítios arqueológicos do vale e tem muita coisa para explorar (por isso sugerimos 02 dias de tour no vale sagrado).
O complexo possui vários edifícios e setores, além de túneis, ponte, depósitos, aquedutos, torres, templos e terraços agrícolas, além de oferecer uma visão magnífica do vale e da cidade. Na encosta da montanha do outro lado do rio, há buracos na pedra... túmulos da nobreza (a maioria já foi vandalizada pelo fato de os nobres serem enterrados com suas preciosidades heheh... hoje não se pode nem chegar perto).

Como passamos rápido, não tivemos informações detalhadas sobre as construções. Sabe-se que Pisac foi um local estratégico para defesa contra possíveis invasões, controlando o acesso ao Vale Sagrado e estando estrategicamente posicionada num caminho inca que ligava Cusco à selva amazônica.
Dia 03 - Rainbow Mountain
Vinicunca, Winicunca, Cerro Colorado, Montaña de Colores, Montaña de Siete Colores, Rainbow Mountain, Montanha de Sete Cores... são alguns dos nomes que denominam uma das atrações mais impressionantes de Cusco. A Montanha de Sete Cores foi descoberta em 2016 e começou a ser explorada pelas agências de turismo, tornando-se um destino bastante requisitado. Há algum tempo, só era possível chegar lá por meio de uma trilha que durava 5 noites, agora pode-se chegar ao arco-íris peruano em algumas horas.
A singularidade deste passeio dá-se pelo fato de só existirem Montanhas Coloridas em três lugares no mundo: China, Argentina e Peru.

No total são cerca de 17 km de caminhada com duração de 5 horas, 3 horas para subir dos 4.300m de altitude até aos 5.200m e 2 horas para descer, seguindo o mesmo percurso. A recompensa é única e as paisagens são maravilhosa, mas essa atração não é pra qualquer um pois exige preparo físico. As subidas são bem íngremes e os efeitos da altitude começam a ser sentidos nos primeiros minutos de caminhada.
Nós conseguimos concluir o percurso, mas vimos muitas pessoas desistindo e passando mal. Você pode alugar um cavalo por 50 soles. Nós optamos por apenas caminhar e tivemos que parar algumas vezes para descansar e recuperar o fôlego. Vá no seu ritmo. O guia estava sempre acompanhando, oferecendo folha de coca, um líquido de eucalipto para inalar (tivemos que usar bastante) e até latas de oxigênio.
A quantidade de turistas subindo a Rainbow Mountain era tão absurda no dia, que infelizmente não conseguimos tirar uma foto decente somente da montanha sem “intrusos”. O recomendado é permanecer no topo por menos de 30 minutos.

De Cusco até o início da trilha são 4 horas de ônibus/van, com muita emoção pois a estrada é sinistra. Leve protetor solar facial e abuse do protetor labial, o vento corta muito... Muita água e as comidas que desejar pois não há onde comprar. Use um calçado apropriado pois a trilha é cheia de pedras. Coloque roupas quentes, mas que sejam fáceis de tirar... Como o dia estava bem ensolarado, durante a caminhada passamos calor, mas no topo da montanha é bem frio. O bastão de caminhada ajuda bastante. Leve papel higiênico pois os “banheiros” são no meio do nada, então imagine... Pagamos 65 soles com café da manhã, almoço e ingresso (valores de 2017). O almoço e café da manhã são servidos em uma casinha da comunidade próxima a montanha. Saímos as 4h e chegamos as 19h. Experiência única.
Dia 04 - Machu Picchu
Machu Picchu... a misteriosa cidade dos Incas e uma das 7 maravilhas do mundo moderno. Desde sua descoberta em 1911, Machu Picchu é considerado um dos monumentos arqueológicos e arquitetônicos mais importantes do mundo. É literalmente uma mistura do real com o imaginário, repleto de cultura e misticismo. Da para sentir na pele a energia desse lugar.
Machu Picchu, que em quéchua significa “montanha velha”, possui impressionantes construções erguidas com pesados blocos de pedra que só por fotos é impossível ter noção da grandiosidade... e está cercado de enigmas a respeito de sua criação e serventia. Localiza-se à 112 km de Cusco e a 2.350m acima do nível do mar (Cusco está a 3.400, portanto Machu Picchu é mais tranquilo quanto ao Soroche, massss o calor é bem maior).

Infelizmente Machu Picchu não é um lugar onde você decide na hora chegar e entrar... Pelo contrário, com as restrições atuais ao número de visitantes, o viajante é obrigado a planear a sua ida com meses de antecedência. SIM MESES! Não é uma hipérbole. Desde o dia 1º de julho de 2017 estão em vigor as novas regras de visitação em Machu Picchu e com as restrições atuais ao número de visitantes, o viajante é obrigado a planear a sua ida com meses de antecedência.
Há três opções de ingressos:
Machu Picchu: O acesso é limitado a 2.500 pessoas por dia. Os ingressos são exclusivos para a data solicitada e há dois turnos para visitação (manhã e tarde). Quando fomos em 2017 não havia fiscalização para o controle do horário de saída do sitio, pode ser que hoje estejam mais rigorosos. Compramos o ingresso de visitação matutino e saímos quase no final do dia.
Machu Picchu + Huayna Picchu: Para a Huayna Picchu são liberados ingressos apenas para 400 pessoas (dois grupos de 200 com horários de admissão determinados). Portanto deve-se comprar com muitaaaaa antecedência e ficar atento ao horário de admissão para começar a trilha. Se você chegar atrasado, é bem provável que não consiga fazer a visita. Deve-se pernoitar em Aguas Calientes para chegar em Machu Picchu bem cedo e não correr o risco de não conseguir chegar a tempo.
Machu Picchu + Montanha: Esse ingresso dá acesso ao sitio e a trilha da Montanha Machu Picchu ou Velha montanha. São liberadas 400 pessoas por dia em 02 grupos. Também deve-se pernoitar em Aguas Calientes para chegar em Machu Picchu bem cedo e não correr o risco de não conseguir chegar a tempo para a admissão. Chegamos 10 minutos atrasadas e não nos deixaram subir.
O que levar: Água, muita água, lanchinhos, repelente, protetor solar e o passaporte para carimbar a visita!
Outra questão bastante discutida é sobre o Guia Obrigatório. Há quem diga que a entrada com guia é obrigatória, mas também há muitos depoimentos de que dá para entrar sem guia. Nós entramos sem guia. Como a mudança era recente, a organização estava meio “atrapalhada” e sem controle. Pode ser que hoje estejam mais rigorosos. O valor que estavam pedindo no terminal de ônibus em Aguas Calientes para o serviço era de 120 soles por pessoa... quando chegamos nas ruinas ofereceram o serviço por 30 soles. Como já havíamos comprado um mapa explicativo do sitio, optamos por fazer os circuitos sem o guia e deu tudo certo.
Como chegar em Machu Picchu
Para chegar em Machu Picchu são duas etapas: chegar em Aguas Calientes e chegar em Machu Picchu.

Para chegar em Águas Calientes, há basicamente duas formas que podem partir de Cusco ou Ollantaytambo: trem ou trilhas. De Águas Calientes até as ruínas de Machu Picchu, existem também duas maneiras: ônibus (30 minutos) ou trilha (cerca de 02 horas subindo, subindo...)... lembre-se que em Machu Picchu também há trilhas e montanhas para conhecer, e caminha-se muito durante a visita. O sitio é repleto de subidas e muitaaaasss escadas... A altitude é 2.400, caso você não tenha preparo físico, melhor ir de ônibus.
A opção que escolhemos: Trem saindo da estação Poroy (20 minutos de Cusco). Você também pode sair da estação de Ollantaytambo (1:30h de Cusco). O percurso de trem dura 3h saindo de Poroy e 1:30h saindo de Ollantaytambo.

Os trens disponíveis: Inca Rail, Peru Rail e Belmond ($$$$$ caro, mas uma experiência que deve ser ímpar!) . Os vagões vão desde os mais simples até os luxuosos e privados. Como decidimos fazer um bate e volta de Cusco até Machu Picchu, optamos pela Peru Rail devido aos horários disponíveis e qualidade dos vagões pelo preço que estipulamos pagar.
Outras opções são:
A Trilha Inca Tradicional: é o antigo caminho dos incas até Machu Picchu e uma das trilhas mais famosas da América do Sul, por isso é super concorrida. Apenas 500 pessoas podem ingressar na trilha por dia, sendo necessário garantir seu ingresso com pelo menos 3 meses de antecedência. São 4 dias e 3 noites percorrendo 43 km. Há a opção curta de 02 noites. A volta é de trem.
Outras trekkings conhecidas: trekking Lares Machu Picchu (35 km duração: 04 dias), trekking de Salkantay (70 km, duração 05 a 07 dias, é o mais puxado), Inca Jungle Trek (bike + caminhada, duração 03 a 04 dias). A volta é de trem. Trilha da Hidrelétrica (05 horas de taxi, van ou ônibus saindo de Cusco até o início da trilha em Santa Teresa e 02 horas caminhando até chegar em Águas Calientes. A volta você pode fazer o mesmo percurso ou optar pelo trem).
Trilha Porta do Sol
A Porta do Sol ou Inti Punku, era espécie de porta de controle para as pessoas que entravam e saíam de Machu Picchu. Pela localização estratégica e remota, acredita-se que Machu Picchu só deu as boas-vindas a pessoas convidadas e selecionadas da elite do império. Quem percorreu e percorre a trilha inca até os dias de hoje, tem a primeira visão de Machu Picchu pela Inti Punku. Para chegar até a Porta do Sol por Machu Picchu, você deverá seguir o caminho indicado em uma trilha de 02 horas (ida e volta). A trilha é fácil, mas há umas subidinhas um pouco íngremes que podem ser assustadoras para quem tem medo de altura. O ingresso padrão de Machu Picchu já dá acesso à Inti Punku.

Dia 05 - City Tour
O City Tour em Cusco é bastante diferente desse modelo que estamos acostumados: passeio guiado pelo centro da cidade, um guia contando a história das ruas, suas lendas, etc. O foco deste passeio não está no centro da cidade, mas sim nos sítios arqueológicos dos arredores de Cusco. Apesar de ser possível visitar estes lugares por conta própria, fazer o passeio guiado é essencial para entender cada lugar (do contrário, você vai apenas ver um monte de pedras empilhadas).
Praticamente todas as agências de turismo da cidade vendem o City Tour em Cusco, com pequenas diferenças no valor. No final das contas, assim como no tour do vale sagrado, as agências juntam seus grupos, e pessoas que pagaram diferentes valores acabam recebendo o mesmo serviço. Pergunte, pesquise, pechinche até encontrar o melhor preço.

Para fazer o City Tour, você vai precisar do Boleto Turístico... mas lembre-se que nem todas as atrações estão incluídas. Você vai precisar desembolsar mais alguns soles ao longo do passeio. Vá com roupas leves e sapatos confortáveis. Você vai andar muito em ruínas. Faz muito calor durante o dia, mas basta o sol se pôr que o frio chega de verdade! Não recomenda-se fazer o city tour no primeiro dia em Cusco visto que você sobre dos 3.400 aos 3.765m e o Soroche pode acabar como seu passeio caso você não estiver aclimatado.
Apesar de fazer o passeio em grupo ter o melhor custo-benefício vale lembrar que o tour dura das 14h até mais ou menos as 19h e o guia faz tudo com muita pressa, correndo de um lugar pra o outro que a gente mal aproveitava o lugar. Nosso guia era bom e o grupo também, mas mesmo assim ficou corrido.

Primeira parada do city tour: Qoricancha, hoje nomeado Convento de Santo Domingo, significa “Pátio Dourado” em quéchua. Este lugar era literalmente coberto de ouro! Suas paredes eram revestidas com placas de ouro e os jardins estavam repletos deste metal precioso, que é claro foi saqueado pelos espanhóis.
Qoricancha abrigava vários templos: Templo do Sol, Templo da Lua, Templo de Vênus e as Estrelas, Templo dos Raios, Relâmpagos e Trovões e, por fim, o Templo do Arco-íris. Era usado tanto para rituais religiosos e sacrifícios quanto para observações astronômicas. Sua importância era tamanha para o Império que em toda a região dominada pelos incas, os templos eram construídos virados para Qoricancha, considerado o centro do mundo. A explicação do guia durante o tour fala muito sobre a correlação da astronomia, do cosmos... com tudo o que os incas construíram.
No museu se pode observar como era complexa e eficiente a arquitetura inca. Grandes blocos de pedras eram encaixados como quebra-cabeças (macho e fêmea) em uma harmonia perfeita. A construção era tão bem-feita que os espanhóis não foram capazes de destruí-la, e como não queriam templos a outros deuses, transformaram o lugar na Igreja de Santo Domingo e em um convento. Um forte terremoto, porém, derrubou as paredes da construção moderna (espanhola), e revelou a base dos templos incas.
A entrada não consta no boleto turístico e custa 10 soles, as fotos são permitidas apenas no pátio central do templo.
Sacsayhuaman é a cidade inca de celebração, no idioma quéchua significa: lugar onde se sacia a águia. O guia nos explicou que Cusco foi projetada como uma forma de puma, que segundo a crença inca, teria dado origem aos humanos, sendo que Sacsayhuaman representa a cabeça e seus muros dentados, as presas do animal. É uma edificação com enormes pedras talhadas e unidas com precisão. As pedras são gigantes podendo pesar mais de 100 toneladas. Todo esse sítio representa apenas 20% original... Os outros 80% foram destruídos, e as pedras foram usadas na construção das 22 igrejas de Cusco mais a catedral.

É neste local que celebram o solstício de inverno, o início do Novo Ano do Sol: O Inti Raymi. Para os Incas, a data 24 de junho era a mais importante do ano, pois marcava o momento de agradecer ao deus Sol pela colheita realizada durante o ano e pedir para que o próximo ano fosse ainda melhor. O Festival do Sol ainda acontece nos dias de hoje e os ingressos esgotam rapidamente. Curiosamente o solstício de verão é comemorado em 21 de dezembro, o dia em que a luz renasce... e o guia fez uma correlação bem linda e poética a respeito do nascimento de Cristo, a luz do mundo, e a data escolhida para celebrar o natal.
Q’ENQO significa labirinto, e para “adentrar” no sítio é necessário passar por uma passagem estreita em ziguezague (lembrando uma serpente) que é terrível para os claustrofóbicos kkkk. É um templo espiritual focado nos rituais e sacrifícios realizados pelos incas. Há diversas galerias subterrâneas e uma delas era utilizada pelos incas como local de mumificação de muitos de seus líderes. A pedra onde realizaram os procedimentos sempre se mantém fria! Tipo uma geladeira natural para os corpos. Aliás, os Incas utilizavam a mesma técnica de mumificação que os Egípcios!! O lugar é meio “macabro”, não sei se a energia ruim era da nossa cabeça ou era mesmo a herança dos Incas... a gente quis sair de lá rapidinho kkk.

Pukapukara significa Forte Vermelho. Além de fazer parte da defesa do Império Inca, Pukapukara também funcionava como um centro administrativo. Era tipo uma alfândega onde quem visitava Cusco deveria passar por ali deixando um “pagamento”.

Última parada... Tambomachay que significa “lugar de descanso”, destinado ao culto à água. É uma ruína arqueológica cercada por água, repleta de aquedutos, canais e cachoeiras. É considerado um sítio de purificação e um lugar para descanso de quem estava viajando pela região. Segunda o guia, beber da água de Tambomachay cura vários males – mas homens devem usar a mão direita e as mulheres a mão esquerda senão pode ter efeito contrário.

Até hoje não se sabe a origem de toda a água corrente de Tambomachay. Alguns dizem que a água vem do interior da montanha, outros contam diferentes histórias. Ocultar a fonte da água era uma estratégia militar utilizada pelos incas. Os inimigos não tinham como saber onde era a fonte e assim não conseguiriam “envenenar” a população pela água, por exemplo. O fluxo de água que corre é o mesmo desde sempre, sendo que há duas cascatinhas com diferentes níveis, uma representando o homem e outra a mulher.
ONDE COMER
Há muitos restaurantes para conhecer em Cusco, então caso você quiser conhecer a gastronomia cusqueña, você deve reservar tempo para isso. Os passeios começam muito cedo, tomam o tempo do almoço e o retorno é tarde da noite, então as vezes você prefere comer algo rápido até mesmo no hotel para conseguir descansar e ficar preparado para o dia seguinte. Sim você anda bastante nos passeios, sim cansa bastante... e não... não tivemos coragem de provar os pratos típicos: alpaca e cuy (porquinho da índia).
Nossos restaurantes favoritos foram: Limbus Resto Bar e Cicciolina. Chegamos a ir no Chicha por Gastón Acúrio mas devido a problemas técnicos (falta de energia) tudo deixou a desejar.
O restaurante Cicciolina fica em um pátio colonial, com charmosas lojinhas de arte e antiguidades. A comida é deliciaaa demais! Fica próximo a Plaza de Armas e dá para ir a pé!

Mas a nossa paixão foi pelo Limbus... Comida e drinks maraaa com uma vista incrível da cidade durante a noite. O acesso é por ruazinhas bem estreitas, com subidinhas cansativa, mas vale a pena. Só tome cuidado com o álcool, o efeito é triplicado com a altitude e o pisco (bebida típica) é forte pra caramba!! hahahahaha
Cusco está a mais de 3600 metros de altitude e é comum pessoas passarem mal nos primeiros dias, visto que a capacidade do nosso organismo absorver oxigênio cai em cerca de 40%. Esse “mal de altitude” é conhecido como Soroche. Com a diminuição do oxigênio no sangue, há pessoas que sentem muita dor de cabeça, náuseas, desconforto estomacal, dentre outros sintomas. Por isso é recomendado não fazer muito esforço nas primeiras horas, ter uma alimentação leve e beber bastante líquido, especialmente o “chá de coca” assim que chegar.

No aeroporto já nos ofereceram um chazinho, algumas folhas de coca e isso ajudou muito... Chegando no hotel, mais chá de coca. Felizmente sentimos apenas uma “tonturinha de bêbado” nas primeiras horas em Cusco, mas nada grave que prejudicasse a viagem. Muitas pessoas compram o OxiShot que é a “bomba de oxigênio” vendido em qualquer mercadinho e farmácias, ou umas pílulas para Soroche.
Para quem gosta de história, se liga nessa curiosidade: Na cultura Inca há a crença de que tudo que é sagrado na terra possui um reflexo no céu. A arquitetura do Vale Sagrado, tal qual sua simetria, parece revelar que o mesmo tinha a exclusiva função de servir de espelho da Via Láctea.
Para eles, o rio Wilcamayu (o rio sagrado) e o vale entre montanhas que o rodeava, se relacionava intimamente com um caminho muito especial lá nas estrelas: a Via Láctea – ou o Rio Celestial, conhecido no mundo andino como Yanamayu ou Mayu.
Enquanto olhavam para o céu, os Incas faziam peregrinações seguindo a orientação de Yanamayu, rio celestial, e se relacionavam com o rio terrestre (Wilcamayu) – ligação céu e terra. Conta-se que os sacerdotes Incas realizavam durante o Solstício de Inverno uma peregrinação cerimonial em função da Via Láctea: partiam de Cusco em direção Sudeste, seguindo o movimento aparente da Via Láctea, até um lugar hoje denominado La Raya, onde segundo a cultura, nascia o Sol. Deste lugar regressavam à Cusco, dirigindo-se à Noroeste, mas agora seguindo a direção do "rio sagrado" Wilcamayu, que também flui de Sudeste à Noroeste.
Todo o conhecimento da época era proveniente das constelações e a Via Láctea (Mayu), não foi apenas um eixo de orientação importante, mas sim um plano de referência para o entendimento do clima terrestre. Em função disso, durante as peregrinações e andanças, alguns locais foram escolhidos para abrigar observatórios de estrelas e foram edificados, em todo o Vale Sagrado dos Incas, enormes construções que delimitaram espaços rituais, nos quais se recriou em suas formas respectivas as principais constelações andinas (Árvore, Lhama, Condor, Perdiz, Pontes etc), como se o vale e seu rio Mayu fossem reflexos, um do outro. A vila de Ollantaytambo, por exemplo, representava a constelação do Lhama.
Até os dias de hoje, nas comunidades agrícolas, acredita-se que as forças cósmicas interferem substancialmente na vida diária. Legal né? Imagine vivenciar tudo isso!
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