LAGUNA - Uma cidade com belas praias e história preservada.
Situada entre lagoas, dunas e belas praias que atraem uma multidão no verão, Laguna é a segunda cidade mais antiga de Santa Catarina, fundada em 1676. Foi palco de muitos acontecimentos históricos e de importância nacional.
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Por Irmãs Pelo Mundo, maio 2021
Laguna é uma cidadezinha muito charmosa localizada no sul de Santa Catarina. Tem relevância histórica e muita história para contar. Oferece vários tipos de experiências, desde um roteiro interessante pelo seu centro histórico com construções em estilo colonial cheias de charme; até belas praias, lagoas com golfinhos e um famoso carnaval.
O QUE FAZER
CENTRO HISTÓRICO
Esse é um ponto turístico de Laguna que vale muito a pena. Reserve ao menos meio dia para isso, pois há muito o que ver, já que são mais de 600 prédios tombados pelo Iphan, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que remetem à sua fundação, por volta de 1676.
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O roteiro pelo centro histórico é dividido em 3 percursos, onde as edificações são classificadas e identificadas conforme a arquitetura.
> Percurso Luso-Brasileiro: Os imóveis mais pomposos passaram a ser construídos pelas famílias portuguesas, vindas dos Açores entre 1749 e 1756, e deixaram marcas interessantes chamadas de arquitetura Luso-Brasileira, com fachadas mais simples, duas janelas e telhados em duas águas.
> Percurso Eclético: Os traços do ecletismo são prédios mais trabalhados, com maior preocupação com elementos decorativos, vidros florais e telhados em quatro águas. Foi no final do século 19 quando começaram a chegar os primeiros alemães e italianos atraídos pela exportação de carvão e movimentação do porto de Laguna, que o estilo arquitetônico do Eclético começou a tomar forma.
> Percurso Art-Deco: Estilo da arquitetura que predomina em Miami, surgiu nos primeiros anos do século XX, com a decadência do porto de Laguna, quando os traços arquitetônicos voltaram a ser mais simples e retos.
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MARCO DE TORDESILHAS
Erguido no chão do Centro Histórico, o Marco de Tordesilhas representa o da passagem da linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. Para quem gosta de história, lá vai textão!
Laguna já ocupava um lugar importante mesmo 6 anos antes do próprio “descobrimento” do Brasil, onde as suas terras já estavam no contexto histórico-internacional pelas linhas de Tordesilhas.
Em 1493, havia um acordo entre Portugal e Espanha chamado “Bula Inter Caetera” que dividia o mundo a partir de 100 léguas das Ilhas de Cabo Verde a oeste para Espanha e ao Leste, para Portugal. Mas, como esse último país não estava satisfeito, em 1494, representantes de ambos os países e o Papa se reuniram na Espanha na cidade de Tordesilhas para mudarem de 100 léguas a partir das Ilhas de Cabo Verde para 370 léguas.
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Nasceu assim, o Tratado de Tordesilhas, que traçou uma linha imaginária demarcando as posses portuguesa e espanhola no território da América do Sul, chamado de “Novo Continente”. Toda faixa de terra entre essas duas linhas, passando por Belém do Pará e Laguna, Santa Catarina; pertenceria a Portugal.
O objetivo do tratado era acabar com as disputas de território desde que o novo continente havia sido “descoberto”, dois anos antes, mas não pense que a paz reinou entre os países.
Depois de Tordesilhas, o Sul do Brasil passou a se desenvolver a partir de Laguna, que tornou-se um posto avançado de Portugal, por onde os portugueses saíam e navegavam pelo Rio da Prata para invadir as terras espanholas além das linhas de 370 léguas determinadas pelo tratado. Essas brigas constantes dariam fim ao Tratado de Tordesilhas, em 1777 Sete Passos das Missões, hoje o estado do Rio Grande do Sul, também pertencia à Espanha e com a extinção da linha imaginária, passou a pertencer a Portugal. Só que essa transferência de terras gerou um outro conflito, dessa vez, entre os moradores do Sul do Brasil com os próprios portugueses.
A revolta, conhecida como a Guerra dos Farrapos (1835-1845) foi um movimento realizado pelas elites econômicas da província do Rio Grande do Sul, manifestando a sua insatisfação com o governo regencial, sobretudo por conta da centralização do poder e da política fiscal praticada na época, onde o charque produzido no Rio Grande do Sul recebia maior taxação fiscal do que o charque estrangeiro, produzido no Uruguai e na Argentina fazendo com que o produto brasileiro ficasse mais caro que o estrangeiro.
Este motivo somado a outros fatores contribuiu para que os farrapos se rebelassem contra o Império, em 20 de setembro de 1835. Com o passar do tempo a revolução adquiriu um caráter separatista e influenciou movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras, chegando a expandir-se à costa brasileira, em Laguna, com a proclamação da República Juliana em 1839.
Em 1839 a cidade foi conquistada pelos soldados farroupilhas, comandado pelo Giuseppi Garibaldi, que declararam a República Catarinense ou República Juliana – uma tentativa de separar o Rio Grande do Sul e Santa Catarina do comando do império.
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ANITA GARIBALDI
Foi neste momento da história que apareceu a adolescente Ana Maria de Jesus Ribeiro, uma jovem à frente do seu tempo, conhecida pelo apelido de Anita Garibaldi. Revolucionária brasileira, participou na Revolução Farroupilha e no processo de unificação da Itália, junto com o marido e revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi. Por esse motivo ficou conhecida como a "Heroína dos Dois Mundos".
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Tudo indica que o interesse e gosto pelo debate e pelas causas foi despertado em Anita por influência do tio Antônio da Silva Ribeiro, que a levava para reuniões clandestinas contra o regime monárquico português, que cobravam altíssimos impostos e taxas de importação.
Em 1834, aos 13 anos, Anita sofreu abuso sexual e, quebrando os padrões da época, denunciou o seu abusador. Então, sua mãe para amenizar as fofocas, acabou arrumando um casamento com um sapateiro, bem mais velho. É claro que essa união arranjada não durou muito e logo Anita foi abandonada. Porém, sua vida iria mudar totalmente com a chegada dos republicanos em Laguna.
O casamento de Anita com “Manoel dos Cachorros foi feito na Igreja Matriz Santo Antônio, que fica em frente à Praça Central, e a construção atual, erguida em 1735, substituiu a antiga capela de pau-a-pique construída por Domingos de Brito Peixoto em 1696. Ao lado da Igreja funciona o Museu Casa de Anita, local onde ela se vestiu para o primeiro casamento.
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Segundo a história, Garibaldi estava a bordo de uma embarcação e observava com uma luneta as casas da barra de Laguna. Foi então que avistou um grupo de moças passeando, e o rosto de uma jovem conquistou sua imaginação e seu coração. Providenciou um barco, foi até a margem e depois até o local onde a tinha visto, porém não a encontrou.
Já tinha perdido a esperança de encontrá-la, quando um morador local, provavelmente o tio, o convidou a ir a sua casa para um café. Garibaldi aceitou e na casa encontrou a jovem que procurava, e é assim que relata o encontro em suas memórias:
Entramos, e a primeira pessoa que se aproximou era aquela cujo aspecto me tinha feito desembarcar. Era Anita! A mãe de meus filhos! A companhia de minha vida, na boa e na má fortuna. A mulher cuja coragem desejei tantas vezes. Ficamos ambos estáticos e silenciosos, olhando-se reciprocamente, como duas pessoas que não se vissem pela primeira vez e que buscam na aproximação alguma coisa como uma reminiscência. A saudei finalmente e lhe disse: 'Tu deves ser minha!'. Eu falava pouco o português, e articulei as provocantes palavras em italiano. Contudo fui magnético na minha insolência. Havia atado um nó, decretado uma sentença que somente a morte poderia desfazer. Eu tinha encontrado um tesouro proibido, mas um tesouro de grande valor.
Juntos, Anita e Giuseppi planejaram e lutaram em vários embates pela República brasileira, mas na derrota na célebre batalha naval de Laguna, tiveram que fugir para o Uruguai, onde também lutaram contra os argentinos. Depois seguiram para a Itália, onde o casal se envolveu na luta pela unificação da península. Apesar de marcante, a vida de Anita foi muito curta.
Esta bela história de amor e também o triste cenário de revolução são contados em muitos lugares em Laguna, inclusive, havia um espetáculo imperdível chamado A Tomada de Laguna que contava toda esta história ao ar livre.
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PRAÇA REPUBLICA JULIANA
Fugindo à característica urbana das vilas catarinenses, nas quais o poder civil dividia a mesma praça com o poder religioso, em Laguna, a Casa de Câmara e Cadeia não ficava na mesma praça que a Igreja (Praça Central).
A Praça República Juliana tem em seu interior uma estátua de Anita e no seu entorno um casario de inspiração portuguesa, assim como o prédio que já foi Cadeia Pública e Câmara de Vereadores, de cuja sacada de ferro foi proclamada a república. Esta edificação foi a primeira construída para a fundação da vila em 1735 e hoje abriga o Museu Anita Garibaldi.
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CAIS DO ANTIGO PORTO E MERCADO PUBLICO
Ainda caminhando pelo Centro Histórico até a beira da lagoa, você encontrará o Mercado Público, com arquitetura da década de 50, e um calçadão, onde você aprecia a lagoa de um lado e as construções históricas. Ao lado, fica o antigo cais, onde pequenas embarcações e iates podem ancorar até hoje.
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Em 1897 o Mercado Público era utilizado para abastecer as residências da comunidade com frutas, verduras, carnes e grãos. O prédio construído por Antônio Pinto da Costa Carneiro ficava nas margens da lagoa Santo Antônio dos Anjos, onde hoje está a Praça dr. Paulo Carneiro.
Nos anos 30, um incêndio assusta a cidade e o fogo destrói o Mercado. O secretário de Justiça do Estado da época, Ives de Araújo, apontou como um incêndio criminoso e no ano de 1940, as ruínas do prédio incendiário foram derrubadas.
Então, começou o trabalho de transformação da orla marítima com a construção do atual mercado. Em 1956 o novo prédio começou a ser erguido e em 1958 foi inaugurado com tons de rosa claro e cor de cal.
Desde a inauguração até 1980 o comércio ocupou o primeiro piso, e o piso superior foi ocupado pela prefeitura da cidade e também pela Câmara de Vereadores. A edificação foi ampliada dez anos depois e veio sofrendo modificações até 2013, quando foi totalmente desocupada para uma nova reforma, concluída apenas em 2020.
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FONTE DA CARIOCA
A única das 3 fontes que existiam na cidade, preservada, ainda hoje. Fica localizada ao pé do morro e é abastecida de água mineral. Foi construída em 1863, ampliada em 1906 e restaurada em 1990.
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CASA PINTO D’ULISSÉA
Uma construção totalmente revestida com azulejos importados de Portugal, considerada de muito luxo para a época de sua fundação em 1866. É uma réplica de uma quinta portuguesa (fazenda ou casa de campo).
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PRAIAS
Como se não bastasse toda essa história, Laguna conta com 3 bacias hidrográficas, 7 lagoas, 3 ilhas, 16 praias lindíssimas e 2 cabos.
Cigana, Cardoso, Prainha do Farol de Santa Marta, Praia do Gi, Praia Grande, Galheta, Praia do Siri (Manélome), Gravatá, Praia do Sol, Mar Grosso, Ponta do Tamborete, Praia do Iró, Itapirubá, Teresa, Ipuã.
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FAROL DE SANTA MARTA
O Farol de Santa Marta, inaugurado em 1891, é considerado o maior das Américas e o terceiro do mundo em alcance, chegando a 85 km. Com 29 metros de altura e paredes com 2 metros de espessura é a maior estrutura do mundo, construída com óleo de baleia, além de barro areia e pedras.
Fica a 17 km do centro da cidade de Laguna e atrai muitos turistas ao local por suas belas paisagens, e pelas ondas, atraindo os praticantes do surf e do sandboard.
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MOLHES DA BARRA
Localizado entre o Rio Tubarão e a Lagoa de Imaruí, com cerca de 2km de extensão e é o local onde as águas da lagoa desembocam no mar. É um ótimo local para pesca ou à simples contemplação da paisagem. De lá pode-se avistar a pesca com auxílio dos golfinhos e onde os surfistas procuram o local pela perfeita formação das ondas.
São cerca de 50 golfinhos que vivem no Canal da Barra da Laguna, declarado Santuário Ecológico dos Golfinhos, por isso Laguna é a Capital Nacional dos Golfinhos (Botos) Pescadores (popularmente são chamados botos os animais da espécie que vivem em água doce e golfinhos quando estão em águas salgadas).
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Os visitantes ficam encantados ao ver a ação conjunta onde golfinhos ajudam os pescadores a pegar peixes. A protocooperação, existe há cerca de 150 anos e é algo natural, não foi treinado para acontecer, e no Canal da Barra da Laguna existem 11 pontos de interação. Essa pesca artesanal com o auxílio dos golfinhos só pode ser vista em mais dois outros lugares no mundo: na Austrália e Mauritânia (África).
Os pescadores ficam parados no meio da lagoa com a tarrafa nas mãos, e de forma surpreendentemente inteligente, os golfinhos interceptam os cardumes no mar levando-os canal a dentro até bem próximo de onde ficam os pescadores.
No momento oportuno, os golfinhos avisam com um pequeno salto para fora da água que é hora do pescador lançar a tarrafa. Ao verem a tarrafa, muitos peixes se assustam e nadam para o lado oposto onde os golfinhos espertos ficam com boca aberta para se alimentar com o resto dos peixes que fogem da captura. Em resumo, golfinhos fazem toda essa manobra para se alimentar.
PEDRA DO FRADE
Localizada na extremidade da Praia do Gi, a pedra desafia a lei da gravidade ao sustentar-se sobre uma superfície inclinada. Essa formação rochosa de 9 metros de altura e 5 metros de diâmetro, que recebeu o este nome pela semelhança com um padre franciscano.
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MIRANTE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA
Ponto mais alto de Laguna, com 126 metros de altura. Lá do alto há mirantes de onde pode-se avistar todo o centro histórico, bairros, praias e lagoas, e uma imagem de Nossa Senhora da Glória com 14 metros de altura.
Para mais informações sobre Laguna, confira nossos destaques no instagram @irmas_pelo_mundo! Segue lá!
Até a próxima!
Beijos Paula e Gabe
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