ITÁLIA – VERONA: a cidade que inspirou Romeu e Julieta
- Irmãs Pelo Mundo
- 15 de out. de 2022
- 10 min de leitura
Atualizado: 16 de fev. de 2023
Com 2 mil anos de história, Verona é um dos principais centros urbanos do Norte da Itália. Um destino que reúne monumentos antigos, edifícios encantadores e paisagens surpreendentes que foram cenário da história imortalizada por Shakespeare.

Por Irmãs Pelo Mundo, outubro de 2019
Em 2019 organizamos uma viagem para os nossos pais conhecerem a Itália! Foram 15 dias percorrendo 5 cidades icônicas desse pedacinho do velho continente que fazem com que o turista viaje no tempo literalmente.
Até hoje essa viagem rende histórias e vira e mexe nossos pais enviam o roteiro para os amigos viajantes para servir como base, ou até mesmo cópia kkk. Então, também vamos compartilhar com vocês toda a nossa pesquisa, para quem sabe facilitar a programação da sua visita a esse país maravilhoso!
Falaremos nesse post sobre Verona, e se quiser saber mais sobre as demais cidades visitadas é só clicar nos links abaixo:
Roma: La Città Eterna – clique aqui
Florença: a cidade do Renascimento – clique aqui
Milão: a capital italiana da moda – clique aqui
Veneza: a romântica cidade sobre as águas – clique aqui
Saímos novamente cedinho logo após o café da manhã, rumo a Verona, a penúltima cidade italiana dessa viagem. Verona está situada na região do Vêneto, 120 quilômetros a oeste de Veneza e a pouca distância do Lago de Garda, o maior lago da Itália. O trajeto Milão-Verona durou 1h15min. Separamos apenas um dia para conhecer Verona e com certeza poderíamos ter ficado mais! Nossos pais amaram a cidade e trocariam os dias em Milão por Verona sem pensar!
Verona é uma das cidades mais interessantes da Itália, cercada por morros e cortada pelo rio Adige. Com 2 mil anos de história, a cidade foi um proeminente centro político e econômico durante o período romano, época da qual se originam edificações ainda hoje existentes.

Aliás, depois de Roma, Verona é considerada a segunda cidade de Itália pela presença de vestígios romanos muito bem preservados, como a Arena, o Teatro Romano, a ponte Pietra, o arco Gavi, os portões Leoni e Borsari, apenas para citar alguns. Outros valiosos testemunhos históricos e artísticos, como o perímetro das muralhas, os portões e muralhas da República de Veneza e as fortificações do período Habsburgo.
Por conta da trágica história de amor entre Romeu e Julieta, Verona ganhou fama e apelidos como “A Cidade dos Apaixonados”, “A Cidade do Amor Eterno”, entre outros. Apesar dessa ficção romântica, a cidade é cheia de história genuína.
HOSPEDAGEM
Para hospedagem optamos pelo Hotel Bologna localizado no centro, a poucos passos da Arena. Os quartos eram um pouco pequenos, mas a localização compensou, até porque só iríamos passar uma noite. Para reservar clique aqui!



ROTEIRO
Em Verona não reservamos tour pois uma amiga dos casais que acompanharam nossos pais foi a guia e apresentou os principais pontos turísticos da cidade.

Na porta do hotel está a Piazza Bra, que costuma ser a porta de entrada dos visitantes no Centro Histórico de Verona e é uma das praças mais conhecidas do país. O acesso à praça é feito através dos Portões da Piazza Bra (a cidade tem vários desses portais) e ao seu redor ficam edifícios importantes para a cidade, como o Palácio della Gran Guardia, o Palazzo Barbieri, e a Arena di Verona, que visitamos em seguida.



A Arena di Verona é um dos anfiteatros mais importantes da era romana e o maior depois do Coliseu de Roma, com o qual se parece bastante. O monumento é o terceiro maior anfiteatro romano do mundo e sobreviveu até a um terremoto no século 12. Perto de completar 2 mil anos, ainda sedia concorridas apresentações, sendo que a programação inclui o tradicional Festival de Óperas – no verão – e também concertos de rock.
A falta de fontes escritas sobre a inauguração do anfiteatro dificulta a atribuição de uma data certa para a sua construção, mas diversos estudos demonstraram que a Arena não poderia ter sido construída em um período posterior ao século I. De forma elíptica, as dimensões do Arena dão uma ideia da sua grandeza: 152 metros de comprimento e 123 de largura. Tem capacidade para mais 25.000 espectadores.



Seguimos caminhando pela Via Mazzini, o calçadão comercial da cidade, até a Piazza delle Erbe, um antigo fórum romano, onde acontecia a vida política e econômica da cidade. A praça é a mais conhecida de Verona e nela você encontrará várias construções e uma fonte de alto interesse arquitetônico. Na Piazza do Erbe também acontece um colorido mercado de manhã.


Entre as atrações e edifícios ao redor da praça estão o Palazzo Maffei, construído em estilo barroco em 1668, a Casa dei Mazzanti, uma das maiores atrações da praça, devido aos seus belos afrescos; o Arco della Costa e a fonte de Maddona Verona, que é o monumento mais antigo da praça datando 1378.

O Palazzo del Commune, também conhecido como Palazzo della Ragioni é a prefeitura da cidade, função que recebeu durante o reinado dos venezianos que o tornaram a sede do município. Este imponente complexo de edifícios, forma quase quadrado com um pátio central, possuindo fachadas para as Piazza delle Erbe, Piazza dei Signori, Via Dante e Via Cairoli.
A data e construção deixa dúvidas já que há duas placas que deixam dúvida, uma indica o ano 1138 e a outra de 1193. O que é certo é que no ano de 1218 um incêndio causou graves danos ao palácio, mas ele foi reconstruído no ano seguinte. Em 1447 foi construído o pátio interno, o chamado “Scala della Ragione” sob a Torre dei Lamberti, construída pela família Lamberti em torno de 1172 e que é visitável.


Por fim, para finalizar as grandes atrações da praça, a Casa dei Mercanti, ou Domus Mercatorum, um prédio que fica na esquina com a Via Pellicciai. A casa do comerciante foi construída em 1301 pela família Scaligeri, mas depois disto sofreu várias transformações. Então, em 1797, mudou de nome e tornou-se a Câmara de Comércio. Atualmente, hospeda a Banca Popolare di Verona.

Da praça seguimos para uma das atrações mais queridas e Verona: a casa onde possivelmente viveu Julieta. Conta a tradição que o edifício, do século XIII, chamado II Cappello, era o palácio dos Capuleto (a família de Julieta). O famoso balcão, onde Julieta via Romeu, foi construído em 1928.
Escrito por William Shakespeare em meados de 1500, a famosa história de amor, o romance Romeu e Julieta, tem um lugar especial em Verona. Com centenas de mensagens de amor escritas em sua entrada, a casa de Julieta é uma das visitas mais típicas de cidade. Muitos bilhetinhos e cadeados com nomes de casais apaixonados são deixados na casa de Julieta.



O acesso ao pátio, onde está uma estátua de bronze de Julieta é gratuito e o acesso à residência onde fica o balcão de onde Julieta ouvia as juras de amor de Romeu, é pago. Também é possível visitar a tumba de Julieta. Por ser um lugar super concorrido entre turistas, geralmente é lotado, então vá com um pouco de paciência para disputar o espaço com outras pessoas.
A crença que ronda o lugar é de a pessoa que esfrega a mão sob o seio da estátua de Julieta tem sorte no amor! De tão gasta e depredada por conta dessa tradição, a estátua original de Julieta foi substituída por uma réplica. A original está dentro da casa.

Quem ai já assistiu o filme Cartas para Julieta? O Club di Giulietta, fundado em 1972 por Giulio Tamassia, é responsável por dar ouvidos a milhares de cartas de amor enviadas de todo o mundo ou deixadas no local. As secretárias de Julieta, são pessoas que dedicam algumas horas de suas visitas a Verona para ler os relatos e redigir respostas a essas cartinhas, assinando como a própria Julieta na maioria das vezes.

Também há a casa de Romeu em Verona, que pertenceu a família dos Montecchio. Menos famosa do que a casa de sua amada Julieta, a casa tem um exterior bem conservado e uma fachada em estilo gótico do século XIX. Por ser um local privado, não é possível visitá-lo internamente.
Seguimos para a Piazza dei Signori, uma emblemática praça de Verona cercada por edifícios conectados e por arcos muito bonitos, como o Arco della Costa. No centro da praça está um monumento dedicado a Dante Alighieri e ao seu redor prédios como o Palazzo degli Scaligeri, Palazzo dei Capitanio e a Loggia dei Consiglio, que já abrigou muitas reuniões do conselho da cidade.

Também visitamos o Castelvecchio, construído entre 1354 e 1356 sobre antigas fortificações que já existiam no lugar. Sua construção exibe uma muralha fortificada ao seu redor, 7 torres, além de uma ponte que dá acesso ao local atravessando o Rio Adige. O local foi construído por Casagrande II della Scala, como local de defesa e fortificação da cidade.


Não conseguimos visitar por conta do pouco tempo em Verona, mas outro ponto turístico recomendado é a Colina de San Pietro, um lugar menos popular, mas com diferentes atrações, como o Teatro Romano, construído sob a liderança de Ottaviano Augusto no final do século I a.C.; o funicular de Verona, a Igreja de San Stefano, além da própria região, que oferece uma vista panorâmica muito bonita.

Nesse mapa estão as atrações que visitamos e a localização do hotel. Viagem chegando ao fim... última parada: La Serenissima Venezia! A mais encantadora e enigmática cidade do mundo. Pegamos o trem rumo a Veneza! Para continuar acompanhando a viagem, clique aqui!
HISTÓRIA
Verona tem origens antigas desde o período pré-histórico, que datam dos primeiros assentamentos até a fundação do município no século 12. Ao que parece, foi fundada pelos Celtas e mais tarde, em 89 a.C., passou a ser uma colônia romana com o nome de Augusta. Foi capital de ducados durante a Reino Lombardo e em 145 foi uma colônia de monges Beneditinos.
A cidade ganhou importância por possuir o principal vau da região, situado no rio Adige - na língua etrusca, Verona significa "cidade veneziana no rio", e devido a sua localização estratégica na junção de quatro estradas principais: a Via Gallica, de Turim a Aquileia; a Via Claudia Augusta, de Modena à Alemanha; a Via Postumia, da Ligúria à Ilíria; e o Vicum Veronensis, que ligava a cidade a Ostiglia.


A relação entre Verona e a Roma Antiga era geralmente de amizade ou aliança, e devido à sua posição de liderança no norte da Itália, Verona esteve frequentemente envolvida nas guerras civis romanas. Figuras famosa lutaram em Verona, incluindo Constantino, o Grande, que aqui derrotou Rurício Pompeiano depois de um longo cerco em 312.
Nos primeiros séculos d.C., Verona converteu-se lentamente ao cristianismo e sob o bispo São Zeno, a doutrina ortodoxa foi definitivamente imposta. Após a queda definitiva do Império Romano do Ocidente em 476, Verona foi um dos redutos de Odoacro (líder do povo germânico que destituiu Rômulo Augusto, o último imperador), cujo governo estava bem entrincheirado na cidade. Em Verona, Odoacro implementou sua última resistência contra o exército ostrogodo enviado contra ele pelo imperador oriental, liderado por Teodorico, o Grande.

Com a tomada de Verona em 489, começou a dominação gótica da Itália; Teodorico construiu um de seus palácios na cidade, outro estava em Ravena. A cidade permaneceu nas mãos dos godos durante toda a Guerra Gótica e em 569 foi tomada por Alboíno, rei dos lombardos, tornando-se a segunda cidade mais importante de seu reino e vindo a ser então a residência comum dos reis da Itália. Alboino foi morto por sua própria esposa em Verona em 572.

Em 774, Adalgisus, filho de Desidério, fez sua última resistência desesperada contra Carlos Magno, que havia destruído o reino lombardo. O governo da cidade tornou-se hereditário na família do conde Milo, progenitor dos condes de San Bonifacio. De 880 a 951, os dois Berengários residiram lá assim como muitos duques de Treviso. De 951 a 975 Verona estava sob o controle do Ducado da Baviera.
A crescente riqueza das famílias burguesas eclipsou o poder dos condes e, em 1135, Verona foi organizada como uma comuna livre e em 1164 juntou-se a Vicenza, Pádua e Treviso para criar a Liga Veronesa, que foi integrada à Liga Lombarda em 1167 para lutar contra o imperador Frederico I Barbarossa. A vitória foi alcançada na Batalha de Legnano em 1176, e o Tratado de Veneza assinado em 1177 seguido pela Paz de Constança em 1183. Isso, no entanto, deu origem às facções de Guelfos e Gibelinos em Verona, que brigaram pelo poder até 1490, quando a cidade passou a ser dominada pelo imperador Maximiliano I, que pretendia torná-la a capital do renovado reino alemão no norte da Itália.

Nesse período Verona também sofreu com uma praga (1511-1512), que matou 13.000 habitantes. Com o tratado de Bruxelas (dezembro de 1516), Maximiliano deu a cidade ao seu neto Carlos V de Espanha, que por sua vez a cedeu à França. Este último finalmente a devolveu a Veneza, que iniciou um programa de fortificações que fez de Verona sua principal fortaleza no continente, sua guarnição incluindo metade de suas tropas.
A paz levou a um período de esplendor econômico, cultural e artístico para Verona. A cidade foi embelezada por um grande número de palácios, igrejas e conventos, vivendo períodos de expansão nos séculos XIII e XIV sob o domínio da família Scaliger e dos séculos XV ao XVII sob a República de Veneza. Verona chegou a ostentar a supremacia artística de toda a Itália, sendo sede de uma escola pictórica onde se destacou Paolo Veronese.
Verona foi ocupada por Napoleão em 1797, mas na segunda-feira de Páscoa – nas Páscoas Veronesas – a população se levantou e expulsou os franceses. Napoleão pôs fim à República de Veneza e Verona tornou-se território austríaco com o Tratado de Campo Formio em 12 de outubro de 1797. Os austríacos assumiram o controle da cidade em 1798. Em 1805 com o Tratado de Pressburg, Verona tornou-se parte do Reino da Itália de Napoleão, mas foi devolvido à Áustria após a derrota de Napoleão em 1814, quando se tornou parte do Reino da Lombardia-Veneza, de propriedade austríaca.

Em 1866, no aniversário da derrota de Königgrätz, os austríacos evacuaram e Verona foi incorporada ao Reino de Itália com a Terceira Guerra de Independência Italiana. Em 1882 a cidade foi atingida por uma grande enchente, que levou à construção de barrancos que mudaram a cara da cidade antiga, varrendo os moinhos e os desembarques no rio.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Verona foi uma das cidades mais bombardeadas do nordeste da Itália, devido ao seu estratégico pátio de manobras (o alvo da maioria dos ataques) e à presença de ministérios da República Social Italiana. Os bairros industriais e os bairros próximos à ferrovia foram os que mais sofreram, mas até o centro da cidade sofreu danos significativos. Em abril de 1945, os alemães em fuga destruíram todas as pontes e no final da guerra, cerca de 7.000 edifícios, ou 44% da cidade, foram destruídos ou danificados; vítimas civis totalizaram 700 mortes.
Em 2000 a cidade foi declarada patrimônio da humanidade pela UNESCO por causa da sua estrutura urbana e arquitetura. Verona é um notável exemplo de cidade que se desenvolveu progressivamente e sem interrupções durante dois mil anos, integrando elementos artísticos de altíssima qualidade dos diversos períodos que se seguiram. Representa também, em um modo excepcional, o conceito de uma cidade fortificada em etapas determinantes da história europeia.

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