ITÁLIA: VENEZA, a romântica cidade sobre as águas
- Irmãs Pelo Mundo
- 18 de out. de 2022
- 20 min de leitura
Atualizado: 16 de fev. de 2023
Uma das cidades mais românticas do mundo, que encanta pela arquitetura com casarões antigos, pontes, palácios e edifícios seculares. As gôndolas preenchendo os seus canais compõem um cenário único. Perder-se pelas ruas de Veneza é apaixonar-se a cada esquina.

Por Irmãs Pelo Mundo, outubro de 2019
Em 2019 organizamos uma viagem para os nossos pais conhecerem a Itália! Foram 15 dias percorrendo 5 cidades icônicas desse pedacinho do velho continente que fazem com que o turista viaje no tempo literalmente.
Até hoje essa viagem rende histórias e vira e mexe nossos pais enviam o roteiro para os amigos viajantes para servir como base, ou até mesmo cópia kkk. Então, também vamos compartilhar com vocês toda a nossa pesquisa, para quem sabe facilitar a programação da sua visita a esse país maravilhoso!
Falaremos nesse post sobre Veneza, e se quiser saber mais sobre as demais cidades visitadas é só clicar nos links abaixo:
Roma: La Città Eterna – clique aqui
Florença: o berço do Renascimento – clique aqui
Milão: a capital italiana da moda – clique aqui
Verona: a cidade que inspirou Romeu e Julieta – clique aqui
De Verona a Veneza são apenas 1h08min de trem.
Veneza é uma das cidades mais românticas do mundo e está no topo da lista de destinos de muitos viajantes. É considerada patrimônio da humanidade pela Unesco e sua arquitetura com casarões antigos, palácios e edifícios seculares são um presente para os olhos. Caminhar e se perder pelas ruelas e pelos canais cheios de gôndolas é um dos melhores atrativos da cidade.

Foi uma das cidades mais ricas do mundo e suas construções retratam isto: para ter uma ideia, dos 177 palácios que existem em toda Itália, 45 estão em Veneza, que abrigam história e uma farta coleção, principalmente a partir do século XVI.
Localizada na região do Vêneto, do qual é capital, fica às margens da Lagoa de Veneza, parte do Mar Adriático, e é formada por cerca de 118 ilhas, sendo que mais de 400 pontes as ligam em torno de 150 canais. Seu panorama é completamente diferente de outras cidades do mundo, já que ao invés de “ruas” existem “canais” e ao invés de carro, são embarcações que fazem o transporte de pessoas e mercadorias.

HOSPEDAGEM
Hoje Veneza é um museu a céu aberto, que mistura a beleza natural de seus canais com o esplendor de construções monumentais! Veneza era uma área pantanosa onde os primeiros moradores ocuparam as ilhas de terra firme, e quando estas ficaram completamente tomadas, começaram a “criar” novas ilhas secando áreas demarcadas no pântano e escavando canais que permitiam o escoamento da água, estabelecendo, assim, as condições mínimas para a construção.
O processo levou alguns séculos de trabalho e aperfeiçoamento, mas resultou em um arquipélago de cerca de 120 km², composto por 117 ilhotas cortadas pelos 400 km de canais. A cidade continuou a crescer e começou a avançar sobre as águas: Foram construídas passarelas suspensas ao lado das fachadas, os moradores foram construindo anexos às suas casas, os aterros foram se tornando mais comuns e os canais foram se estreitando, sendo que 40 deixaram de existir.

No princípio, a cidade foi toda edificada em madeira, com as fundações das casas fincadas entre 2 a 5 metros de profundidade. A presença do barro nas profundezas gerava uma reação química com a madeira e, isolando a mesma do contato com o oxigênio, fossilizava as peças, criando uma base impermeável e resistente para a edificação. Alguns séculos depois, as pedras passaram a ser o principal material de construção e forraram as margens dos canais, o que deu mais estabilidade às fundações das casas e facilitou o embarque e o desembarque nos barcos.
Desde sua origem, o arquipélago de Veneza é dividido em seis distritos, conhecidos em italiano como sestieri em plural e sestiere no singular: San Marco, Castelo, Giudecca, Dorsodouro, San Polo, Santa Croce e Cannaregio, que formam a cidade histórica de Veneza (centro storico). Outras áreas são a Terraferma, parte continental que representa 83% do território, onde se destaca a grande frazioni de Mestre e Marghera; e algumas ilhas como Lido, Torcello, Murano e Burano.

San Polo é um distrito criado em torno da Ponte Rialto. Este sestiere é um dos mais bonitos de Veneza. Situado no centro de Veneza é o menor distrito, além de ser um dos mais antigos da cidade. Em 1097 foi criado o mercado de Veneza, uma marca do passado que ainda não desapareceu.
Dorsoduro é o distrito onde se encontra a maioria dos edifícios universitários. Cannaregio é o distrito mais povoado de Veneza e nele viveram grandes personagens como Marco Polo, Tiziano e Tintoretto. Fica próximo da estação Santa Lucia, o que facilita a locomoção. O Distrito de Castello, é o maior bairro de Veneza. Possuiu uma zona turística que rodeia o Palácio Ducal, mas grande parte do bairro está ocupada pelo enorme estaleiro conhecido como Arsenale, assim como a residência dos antigos trabalhadores do estaleiro. O nome do distrito de Castello vem do castelo construído no distrito na época romana. Por fim, o distrito Santa Croce é um dos distritos menos turísticos de Veneza e sua parte leste é a única em que se permite o tráfego de veículos.

Optamos por nos hospedar em Veneza mesmo e não em Mestre (que fica na parte continental de Veneza e possui hotéis mais baratos e mais novos). O hotel escolhido foi o Savoia & Jolanda, no distrito de San Marco, bem em frente à estação de vaporetto e a poucos metros da piazza. Este é o menor e mais antigo distrito e leva o nome do padroeiro da cidade. É o coração de Veneza e portanto um dos bairros mais turísticos, onde está a Pizza San Marco e a região da Ponte Rialto. Para reservar clique aqui.






ROTEIRO
Já que a dica da maioria dos viajantes é: perca-se por Veneza, separamos nosso primeiro dia para seguir sem rumo pelas labirínticas ruas e canais dessa cidade pitoresca e cheia de vida. Há quem seja apaixonado por Veneza e há quem não ache nada demais... será que é amor à primeira vista ou dá para passar? Na nossa opinião é muito amor!
Para conhecer Veneza, optamos por mais um Free Tour, que percorreu o centro histórico. Reservamos pelo site freetour.com. Clique aqui para reservar.

A visita guiada gratuita passou pelos pontos mais importantes da cidade, e o ponto de encontro do grupo foi na Galeria da Academia uma das pinacotecas mais importantes do mundo e que possui a maior coleção de arte veneziana do mundo com obras-primas de pintores como Tiziano, Veronese, Canaletto ou Bellini. Em 1817 decidiu-se reunir sob o mesmo teto todas as obras de arte que estavam dispersas em Veneza e desde a sua criação, a coleção foi aumentando com aquisições e doações privadas e atualmente conta com mais de 800 quadros. Compreende três importantes edifícios religiosos: a Scuola Grande de Santa Maria della Carità, a igreja de mesmo nome e o Monastério de Canonici Lateranensi.



Atravessamos o Grand Canal, que é uma espécie de avenida de Veneza, cruzando a Ponte da Academia e seguimos caminhando até o Teatro La Fenice, "A fênix" em português, que é o principal teatro lírico de Veneza. Foi destruído várias vezes e reedificado, e hoje é sede de uma importante temporada operística e do festival internacional de música contemporânea.

O Grand Canal pode ser atravessado usando um vaporetto percorrendo a linha 1, embora a opção mais agradável seja fazê-lo pegando um traghetto, e a pé cruzando uma das suas quatro pontes: a Ponte da Academia, pela qual passamos, Ponte dos Descalços, também chamada de Ponte da Estação e Ponte da Ferrovia por sua proximidade com a Estação de Trens de Santa Lucia; Ponte da Constituição, que é a mais moderna de Veneza, criada pelo espanhol Santiago Calatrava, e que conecta a Piazzale Roma com a zona da Estação de Trens de Santa Lucia; por fim a famosa e mais antiga de Veneza, a Ponte Rialto.

Do teatro seguimos para a Piazza San Marco, que é o coração de Veneza e um lugar imperdível na cidade. A grande praça de 180 metros de comprimento por 70 de largura, é uma das praças mais bonitas do mundo e Napoleão Bonaparte a definiu como “O Salão mais Bonito da Europa”. Sua construção iniciou no século IX, tomou a forma atual em 1177 e foi pavimentada 100 anos depois. Por ser o lugar mais baixo de Veneza, quando há “acqua alta”, é o primeiro lugar em inundar.



A Piazza abriga a Basílica San Marco, diversos monumentos históricos de diferentes estilos como o Palazzo Ducale, o Museu Correr e a Torre Campanile, onde é possível ver toda a cidade de Veneza 360º.
A Basílica de San Marco é o templo religioso mais importante de Veneza. Originalmente do século 10, a construção que hoje conhecemos foi a terceira igreja construída no mesmo local. A construção da basílica, que a princípio estava pensada para ser uma prolongação do Palácio Ducal, começou em 828 para abrigar o corpo do Apóstolo São Marcos trazido de Alexandria. De estilo românico-bizantino, baseada nos exemplos de Basílica de Santa Sofia e da Basílica dos Apóstolos, ambas em Constantinopla; se tornou a catedral da cidade em 1807 e conta com mais de 4.000 metros quadrados de mosaicos, alguns do século XIII, e 500 colunas do século III.


Embora a entrada à Basílica de São Marcos seja gratuita, há algumas partes em seu interior que exigem a compra de entrada: o Museu, o Tesouro e a Pá de Ouro. Tesouro é a visita ao tesouro bizantino de ouro e prata procedente do saque de Constantinopla, e a Pá de Ouro é a visita ao retábulo de pedras preciosas feito por ourives medievais.
A visita ao Museu é uma das mais importantes, devido as esculturas originais dos Cavalos de São Marcos. Esses quatro cavalos de bronze banhados a ouro estavam no hipódromo de Constantinopla, foram enviados para Veneza em 1204 pelo Doge Enrico Dandolo, como parte do saque de Constantinopla na Quarta Cruzada e adicionados à basílica em torno de 1254. Alguns creem que antes adornaram o Arco de Trajano. Foram retirados por Napoleão em 1797, mas devolvidos à basílica em 1815, onde permaneceram até os anos 1990.

O Campanile de San Marcos é o campanário da Basílica de São Marcos, e antigamente também servia como farol para os navegantes. Depois de várias restaurações, adquiriu sua forma atual em 1515. Em 1902, a torre caiu e, dez anos depois, foi reconstruída da mesma forma e no mais alto da torre reina uma estátua dourada do anjo Gabriel.
Seguimos para o Palácio Ducal, um dos símbolos de Veneza, era a antiga residência do Doge (como eram conhecidos os governantes de Veneza), que também era sede administrativa da cidade e prisão. É possível visitá-lo por dentro, onde há belíssimas salas. Dizem que o passeio é longo, consumindo uma manhã ou uma tarde, no mínimo. Nós não chegamos a fazer a visita no interior do palácio.


Do Palácio Ducal, 120 doges dirigiram o destino de Veneza durante quase 1.000 anos. A construção atual data 1309 e 1424 e combina elementos arquitetônicos, bizantinos, góticos e renascentistas. Em seu interior há pinturas de Tiziano, Tintoretto e Bellini.
O primeiro andar do palácio foi ocupado por escritórios de advocacia, a Chancelaria, os Censores e o Escritório Naval. No segundo andar, talvez o mais espetacular, estavam a Grande Câmara do Conselho ou Sala del Maggior Consiglio, onde mais de 1.000 pessoas chegavam a votar o destino da Sereníssima; a Câmara de Votação e os apartamentos do Doge. A sala é ladeada por pinturas de antigos Doges e o enorme Paraíso, de Tintoretto, considerada a maior pintura do mundo em tela. O terceiro piso apresenta a Sala del Collegio, adornada com pinturas, incluindo as de vários Doges e a do Lepanto, de Paolo Veronese, onde os embaixadores estrangeiros eram recebidos.

A escadaria monumental Scala dei Giganti (Escadaria dos Gigantes) liga o pátio (área externa) à logia interior do primeiro andar. Erguida entre 1483 e 1491 segundo projeto de Antonio Rizzo, era o lugar dedicado à cerimónia de coroação ducal e deve o nome às duas estátuas marmóreas de Sansovino, representando Marte e Neptuno, aqui colocadas em 1567. As duas estátuas colossais deviam representar o poder e o domínio sobre a terra firme e sobre o mar.
A continuação natural da Scala dei Giganti é a Scala d'Oro (Escadaria de Ouro), com ricas decorações em estuque branco e folha de ouro zecchino da abóbada. Edificada durante o dogado de Andrea Gritti, foi projetada por Sansovino, um famoso arquiteto e escultor do Renascimento Italiano entre 1555 e 1559. Serviu como escadaria de honra e conduz, em duas rampas, o piso das loggias aos dois andares superiores, em cada um dos quais se abre um vestíbulo com amplos vitrais.

Na parte traseira do palácio está a Ponte dos Suspiros, que liga o Palazzo Ducale à Prisão Nova onde estão os calabouços e os poços úmidos (pozzi). Ela é uma das pontes mais fotografadas da cidade, construída em estilo barroco no século XVII. Era o caminho onde os prisioneiros viam pela última vez a Laguna Veneta, e soltavam um gemido, já que estavam prestes a serem condenados no palácio ou seguir para a execução.


Voltamos para a praça para finalizar o tour. Aproveitamos o tempo livre para conhecer a Ponte Rialto, a mais famosa dentre as várias pontes de Veneza, e que durante séculos foi o único modo de atravessar o Grand Canal. Foi construída entre 1588 e 1591, com um design do arquiteto Antonio da Ponte para substituir a anterior ponte de madeira, que já havia caído duas vezes, além de ter sido incendiada.
Próximo da ponte funciona o Mercado di Rialto, que há séculos abastece a casa de moradores da cidade com peixes, frutas e verduras. Nesse lugar já existia um mercado desde 1097, e o nome “Rivoalturs” significa terreno firme, livre de inundações. Em 1514, um incêndio assolou Rialto, por isso a maioria dos seus edifícios pertence ao século XVI. As ruelas do mercado possuem os nomes dos grêmios que a ocuparam anos atrás.

Se você gosta de visitar museus, saiba que é possível comprar um City Pass chamado Venezia Única City Pass, que garante acesso aos 10 dos museus cívicos de Veneza, ao Palácio Ducal, 3 das 18 Igrejas do Chorus Pass (você escolhe), ao Teatro La Fenice, Fundação Querini Stampalia, Museu Judeu, Cassino de Veneza, Museu Histórico Naval. Custa 33,90 euros.
Os museus incluídos no passe são: Museu Correr, o mais importante de Veneza que narra a história da cidade desde a sua fundação até sua adesão à Itália no século XIX; o Museu Arqueológico Nacional, que abriga uma grande quantidade de esculturas de mármore, bronze e outras matérias-primas; a Biblioteca Marciana, com destaque aos adornos de Veronese, Tiziano e Tintoretto; Palácio Mocenigo, um museu de tecidos e roupas; Casa de Carlo Goldoni, casa-museu do escritor e dramaturgo italiano Carlo Goldoni, hoje um museu e biblioteca de estudos teatrais.
O passe também garante acesso ao Ca' Rezzonico, um dos poucos palácios de Veneza que podem ser visitados. Situado na margem do Grand Canal, no distrito de Dorsoduro e construído a meados do século XVII por Baldassare Longhena, e atualmente abriga em seu interior o Museu do Settecento Venezian. No século XVIII, viveu em Ca’Rezzonico seu habitante mais notável, o Papa Clemente XIII (Carlo della Torre di Rezzonico).

Outra galeria do City Passa é a Ca' Pesaro, uma Galeria Internacional de Arte Moderna localizada no distrito de Santa Croce e em um dos palácios mais representativos do barroco veneziano. O Palácio de Ca’ Pesaro foi construído na segunda metade do século XVII pelo desejo da rica família Pesaro, e foi uma obra de Baldassarre Longhena, o arquiteto veneziano mais importante da época. O palácio também foi propriedade da família Gradenigo e, depois, foi usado pelos Padres Armênios Mechitaristas como colégio. Foi adquirido pela família Bevilacqua, e doado à cidade pela duquesa Felicita Bevilacqua La Masa, para ser a sede do museu.

A Galeria Internacional de Arte Moderna de Veneza teve sua primeira sede em uma das casas de Ca’ Foscari, e em 1899 mudou para Palácio de Ca’ Pesaro, um espaço expositivo maior, apto para acolher a já extensa coleção da Galeria. Foi fundada pelo príncipe Alberto Giovannelli, quando comprou, na segunda Bienal de Veneza (1897), seis obras de artistas italianos e estrangeiros e as doou à Prefeitura de Veneza. Outras pessoas seguiram seu exemplo e até o Rei Vittorio Emanuele II contribuiu para aumentar a coleção com a doação de quatro pinturas.
São três andares que conserva excelentes pinturas e esculturas dos séculos XIX e XX de artistas como Bambini, Pittoni, Crosato, Trevisani e Brusaferro. O segundo andar é a sede das exposições temporárias, enquanto no terceiro andar está o Museu de Arte Oriental, um dos centros expositivos da mesma temática mais importantes da Europa, com objetos artesanais chineses e japoneses. Em 2013, com a Bienal de Veneza, o museu inaugurou em seu primeiro andar um inovador percurso expositivo chamado “Colloqui” (Conversas), que mostra as influências mais significativas entre muitos mestres do século XX.


No Palácio de Ca’ Pesaro há uma importante Biblioteca especializada na história da arte dos séculos XIX e XX, com um arquivo fotográfico e uma Fototeca com 6.000 filmes. A Fototeca abriga, além disso, muitos álbuns, organizados alfabeticamente por autor.
Os Museu do Vidro de Murano, Museu da Renda de Burano e Museu de História Natural também podem ser acessados utilizando do City Pass. O nosso hotel em Veneza oferecia aos hospedes um passeio de barco privado até as ilhas Murano e Burano. É claro que fomos conferir!



Murano está bem pertinho de Veneza, a cerca de 1 km de distância e é composta por 7 ilhas, sendo duas artificiais. O lugar pequeno, mas muito simpático é famoso pela produção artesanal de vidros. Murano inicialmente prosperou como porto pesqueiro e graças à produção de sal, mas em 1291, todos os cristaleiros de Veneza foram obrigados a mudar-se a Murano devido ao risco de incêndio, porque a esmagadora maioria dos edifícios de Veneza era construída em madeira. E assim a ilha começou a ganhar fama pela produção de miçangas de cristal e espelhos, e posteriormente lustres. São várias lojas de vidro onde você pode ter uma amostra dessa técnica utilizada pelos artesãos, que confeccionam há séculos as mais exóticas peças de vidro. Se tiver mais tempo dá para conhecer a Basílica dei Santi Maria e Donato, uma de suas atrações.

A segunda parte do passeio foi na ilha de Burano, que fica um pouco mais distante da região central de Veneza. A ilha é conhecida pela produção de renda por suas casinhas coloridas. Existe a lenda de que as casas são coloridas porque os marinheiros as pintavam assim para poder chegar até elas nos dias de neblina.


Basílicas e Igrejas
Basílica de Santa Maria della Salute: é um dos edifícios mais conhecidos de Veneza já que sua cúpula pode ser vista de muitos pontos da cidade. Foi construída para celebrar o fim da peste da peste que eliminou grande parte da população da Região do Vêneto. O então patriarca de Veneza, Giovanni Tiepolo, fez uma promessa:
"prometo solenemente erguer nesta cidade uma igreja e dedicá-la à Virgem Santíssima, chamando-a "Santa Maria della Salute", e que cada ano no dia em que esta cidade seja declarada livre do presente mal, Sua Serenidade e Seus Sucessores irão solenemente com o Senado visitar dita igreja em perpétua memória da pública gratidão por tanto benefício".


As obras iniciaram em 1631 e só foram concluídas em 1687, 56 anos depois. No seu interior é possível apreciar as pinturas de Tiziano e Tintoretto. O quadro mais importante está no interior da sacristia e se trata das “Bodas de Cana”, de Tintoretto.
Basílica de Santa Maria Gloriosa dei Frari: é uma das maiores igrejas de Veneza, superada apenas pela Basílica dei Santi Giovanni e Paolo. A construção da igreja atual durou 100 anos e terminou a meados do século XV. Seu campanile é do século XIV e é o segundo mais alto de Veneza. O elemento mais importante da basílica e o que mais chama a atenção é o quadro “A Assunção”, de Tiziano. Outros pontos interessantes são: os mausoléus de Antonio Canova (escultor italiano do século XVIII) e de Tiziano, a tumba de Canova e a capela do coro onde é possível admirar retábulos de Vivarini e Bellini.

Basílica de San Giorgio Maggiore: uma das igrejas mais fotografadas de Veneza já que está localizada na pequena ilha de San Giorgio Maggiore, frente à Praça de São Marcos, em Veneza. Sua construção terminou em 1576 e seu arquiteto foi Andrea Palladio. Nos três andares da igreja é possível admirar vários quadros de Tintoretto, dentre eles A última ceia, Recolha do Maná e A Deposição, e a obra-prima de San Giorgio Maggiore a “Virgem com o Menino e Santos”, pintado em 1708 por Sebastiano Ricci. Para uma vista panorâmica de Veneza, é possível subir no Campanile de San Giorgio Maggiore, com altura é similar à do Campanile de San Marcos.


Basílica de Santi Giovanni e Paolo: maior que a Santa Maria Gloriosa dei Frari, foi construída pelos dominicanos e sua construção durou quase um século. Foi consagrada no dia 12 de novembro de 1430. Em seu vasto interior estão as tumbas dos 27 doges e entre as obras mais importantes estão os quadros de artistas como Giovanni Bellini, Paolo Veronese ou Giovanni Battista Piazzetta. Na mesma praça da basílica está a estátua de Bartolomeo Colleoni (de Verrocchio) e a Scuola Grande di San Marco, edifício com uma espetacular fachada renascentista que agora abriga um hospital.

Igreja de San Rocco: construída entre 1478 e 1494, em homenagem à São Roque, cujas relíquias descansam na igreja. Todos os anos, no seu dia festivo (16 de agosto), o doge de Veneza fazia uma peregrinação à igreja. Na mesma praça fica também a Scuola Grande di San Rocco, destacada pelas numerosas pinturas de Tintoretto.
Na praça fica a Scuola Grande di San Rocco, um dos edifícios mais importantes e melhor decorados de Veneza. Sua construção data do início do século XVI, e representa para Veneza o que a Capela Sistina representa para Roma. Tintoretto decorou suas paredes e tetos durante 24 anos, de 1564 até 1588, fazendo uma obra de uma imensidade e uniformidade única. Apenas três salas podem ser visitadas. Para os viajantes com poucos conhecimentos de pintura, visitar a Scuola Grande de San Rocco pode ser mais interessante que visitar a Galeria da Academia.
Se você quer conhecer igrejas e basílicas, o Chorus Pass é o cartão adequado, já que oferece entrada gratuita a 18 delas. Custa 12 euros. Dependendo das igrejas da lista que você quiser visitar, pode ser rentável comprar o Chorus Pass, já que os ingressos individuais custam €3.
Assim finalizamos nossa viagem magnífica pela Itália! Saímos de Veneza no início de um período de chuva e acqua alta. Retornamos para Roma de trem, cerca de 4 horas de viagem.

Esperamos que vocês tenham gostado e aproveitado as informações dos 5 posts para programar a sua viagem que com certeza será inesquecível! Não esqueça de nos seguir no instagram e conferir todos os posts e destaques!
HISTÓRIA DE VENEZA
Veneza foi construída em 421 d.C. e seu nome é derivado do antigo povo veneti, que habitou a região até o século X a.C., talvez o mesmo povo chamado por Homero de Eneti (Ενετοί). O significado da palavra ainda é incerto, mas a conexão com a palavra "venetus" (mar azul) é possível.
Embora não haja nenhum registro histórico que lide diretamente com as origens de Veneza, os historiadores concordam com a teoria de que a população original de Veneza era formada por refugiados de cidades romanas, expulsos pelos ostrogodos e lombardos que vinham tomando a Europa e puseram fim ao Império Romano.

Graças à localização privilegiada no meio da rota entre o Oriente e o Ocidente, excelentes navegadores e poderio militar, a cidade tornou-se um próspero centro mercantil e naval, o que concedeu uma grande independência a Veneza em relação aos possíveis conquistadores.
No século VI, o grande general da época de Justiniano, Belisário, conquistou Veneza que ficou sob a proteção do Império Bizantino, passando a depender administrativamente do Exarcado de Ravena e tento à frente do governo o Mestre Militar bizantino. Com a debilidade do Exarcado de Ravena, em 697, se estabeleceu uma forma republicana de governo que não existia em nenhuma outra cidade-estado da Itália: as famílias ricas venezianas escolheram o primeiro doge (dux), Paololucio Anafesto, com caráter hereditário e vitalício a princípio e, mais tarde, eletivo e vitalício depois de diversas lutas de poder entre as famílias patrícias.


O doge era o primeiro magistrado da República de Veneza (também chamada de Sereníssima), com atributos simbólicos de reminiscências do Império Bizantino, e seu poder foi sempre limitado pelos venezianos. Os patrícios estavam decididos a não ser governados por qualquer pessoa, especialmente quando não ajudava seus interesses econômicos e desde o primeiro momento, a organização da República se esforçou para evitar que apenas um homem, o Dux, tivesse todo o poder.
Em 829, o corpo do apóstolo São Marcos, o evangelista que acabaria sendo o padroeiro da cidade, foi transportado de Alexandria a Veneza. Em 976, um incêndio destruiu o centro da cidade, incluindo o palácio do Dux, com os arquivos da cidade e a primeira igreja de São Marcos.

A influência política de Veneza foi marcante na história da Europa, sobretudo quando a partir da Alta Idade Média se expandiu graças ao controlo do comércio com o Oriente e aos benefícios que daí vinham. Tornou-se uma potência comercial a partir do século X, quando sua frota já era uma das maiores da Europa. O historiador Fernand Braudel classificou-a como a primeira capital econômica do Capitalismo.
Veneza soube aproveitar todas as mudanças que ocorreram no mundo ocidental: aliou-se com os francos contra os lombardos; foi benevolente e tolerante com o Islã, onde enquanto o Império Bizantino estava em guerra com os árabes, os navios venezianos partiram para Alexandria, Beirute e Jafa, monopolizando aquele comércio e aliou-se com o Império Bizantino contra os normandos.

Em 1204 começa o grande apogeu de Veneza com o início da Quarta Cruzada. As galés venezianas à frente do Dux Enrico Dandolo tomaram Constantinopla e o império grego foi dividido entre os cruzados e os venezianos, que ficaram com diversos bairros comerciais de cidades da Síria, Palestina, Creta e Chipre. Depois que o Mediterrâneo foi controlado, as galés venezianas miraram o Atlântico.
Chega então a época do famoso Marco Polo, símbolo do espírito veneziano. Marco Polo foi um mercador, embaixador e explorador veneziano cujas aventuras estão registradas em As Viagens de Marco Polo, um livro que descreve para os europeus as maravilhas da China, de sua capital Pequim e de outras cidades e países da Ásia. Embora não tenha sido o primeiro europeu a chegar à China, foi o primeiro a descrever detalhadamente suas experiências. Seu livro inspirou Cristóvão Colombo e muitos outros viajantes, além de também ter influenciado a cartografia europeia, sendo o ponto de partida de inspiração do mapa-múndi de Fra Mauro.

O símbolo do máximo apogeu foi o estabelecimento, em 1284, de uma moeda de ouro, o Ducado, que permaneceria durante três séculos como um dos padrões monetários do mundo junto com o florim florentino.
Na primeira metade do século XV, os venezianos começaram sua expansão pela Itália como resposta ao poder ameaçador do Duque de Milão. Em 1410, Veneza controlava a maior parte da região, incluindo cidades como Verona e Pádua, alcançando mais tarde Brescia e Bérgamo. O mar Adriático se tornou o “mar veneziano”, cujo poder se estendia até terras longínquas como Chipre. A debilidade do Império Bizantino permitiu que fossem anexados Creta, Eubea e, em 1489, Chipre.

No século XV, Veneza era o centro do comércio mundial e a maior cidade portuária do mundo, com mais de 200.000 habitantes. Os palácios se tornaram cada vez mais luxuosos, decorados por artistas como Veronese e Giorgine. Nessa época, Veneza alcançou seu máximo apogeu.
Se a conquista de Constantinopla foi o início do apogeu, sua perda para os turcos, em 1453, deu início a uma galopante decadência. Além disso, o descobrimento da América levou a mudanças nas correntes comerciais: A descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama (1498) e a descoberta da América por Cristóvão Colombo (1492) deslocaram as rotas de comércio e Veneza viu-se obrigada a sustentar uma luta esgotante contra os turcos otomanos.

O Império Otomano conseguiu se expandir para os Bálcãs e Veneza começou a se ver ameaçada. Em 1570, foi obrigada a entregar Chipre aos turcos e pouco depois caíram Creta e suas últimas posses no Egeu. Veneza assinou a paz com os Otomanos em 1573 e durante a expansão da Itália, entrou em conflito com o Papa, que estava coligado com Luís XII da França, Maximiliano I da Áustria e Fernando II de Aragão, se salvou graças à sua diplomacia.
A peste de 1630 dizimou um terço da população. Foi em Veneza que surgiram os primeiros hospitais isolados para onde os doentes eram enviados, chamados de lazaretos. Também foi em Veneza que surgiu o conceito e a prática da quarentena, quaranta giorni, ou, quarenta dias. Na epidemia do século 16, qualquer navio mercante que parasse em Veneza era inspecionado na ilha da quarentena e se uma única pessoa fosse suspeita de estar doente, toda a tripulação ficava ali por 40 dias. Essa técnica mais tarde começou a ser adotada em diversas cidades portuárias e foi considerada uma das medidas mais eficientes para conter a peste.

O declive de Veneza era claro e os Habsburgo fortaleceram o Porto de Trieste contra os interesses venezianos. No século XVIII, Veneza, uma sombra do que havia sido, tentou recuperar seu antigo prestígio iniciando uma guerra contra a Tunísia.
A Revolução Francesa deixou Veneza sem poder de reação e franceses e austríacos se enfrentaram pelo território. Em 1797 as tropas de Napoleão Bonaparte invadiram Veneza, colocando um fim a quase treze séculos de independência. A Itália ficou, pela primeira vez, politicamente unificada sob o domínio de Napoleão e, por se tratar de um poder estrangeiro, acabou desenvolvendo um alto sentimento nacionalista italiano. Com a assinatura do tratado de Campofórmio, dividiu-se o seu território entre França e Império Habsburgo, mas os novos choques com os austríacos levaram Napoleão a expulsá-los do território veneziano em 1805.

Depois do Tratado de Presburgo, Veneza passou a formar parte do Reino da Itália e com a queda de Napoleão, o Congresso de Viena restabeleceu o status político prévio à Revolução. Veneza ficou de novo sob o poder da Áustria, formando parte do Reino Lombardoveneto. Pouco depois, Veneza se separou da Lombardia, que havia optado pela união com a Itália.
O sentimento nacionalista era imparável e surgiram sociedades secretas buscando a unidade italiana. Houveram diferentes levantes contra a Áustria e foi criada uma assembleia que votou pela união de Veneza à Itália. Os austríacos destruíram grande parte da cidade e essa se rendeu em 22 de agosto de 1849.
A situação se transformou rapidamente em uma guerra entre Itália e Áustria. Os governantes dos Ducados, o Papa e o Rei de Nápoles terminaram enviando forças para lutar pelo domínio dos territórios venezianos. Enquanto isso, os austríacos eram apoiados pela Santa Aliança (Prússia e Rússia). Pelo tratado de Viena de 1866 se restabeleceu a paz entre Itália e Áustria e a Áustria renunciou à cidade italiana em troca de uma indenização. Por último, foi assinado o Tratado de Veneza em 19 de outubro de 1866, pelo qual a Áustria cedia Veneza à França e essa à Itália. Depois de um plebiscito, Veneza decidiu formar parte definitivamente da Itália.

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